Queda para 2ª divisão foi melhor para o Corinthians, diz Scolari
Jair Rattner
De Lisboa
Luiz Felipe Scolari
Corinthians terá oportunidade de voltar mais forte, afirma Scolari
Para o técnico que levou o Brasil ao pentacampeonato, a queda do Corinthians para a segunda divisão é o melhor que poderia acontecer ao time. Luiz Felipe Scolari, que dirige a seleção portuguesa, considera que é uma oportunidade para o “Timão” voltar mais forte.
“O time não se preparou, não se organizou, não teve uma sistemática correta. Não é por ser grande que não tenha que cair. Caiu, ótimo. Agora tem que recuperar e trabalhar em cima disso, para recuperar no ano que vem”, disse Scolari à Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal. “Provavelmente isso vai ser uma lição que tão cedo não vão esquecer.”
O técnico considera que o time com a segunda maior torcida do Brasil está no caminho certo.
“O Corinthians contratou um treinador com grande capacidade de aglutinar jogadores para formar uma equipe, que é o Mano Menezes, e provavelmente a torcida não vai deixar o Corinthians sem suporte. Agora vai depender do trabalho deles, do Mano, dos atletas e da parte diretiva para que o Corinthians volte à divisão especial. Meu time, o Grêmio, voltou melhor. Às vezes dar um tombo é melhor do que ficar assim. Para o Corinthians acho que foi melhor.”
Ronaldinho
Scolari disse também que o melhor para Ronaldinho Gaúcho seria mudar de time, deixando o Barcelona.
Isso porque, segundo o técnico, ele já não é mais o mesmo jogador de quando chegou ao clube.
“Um jogador não pode ficar quatro ou cinco anos sendo o melhor do mundo. Em determinado momento ele vai cair. Aí tem que ser feito um trabalho com os torcedores, de amparo ao atleta. Acho que, quem sabe, para o Ronaldinho e para o Barcelona o momento seja de uma saída, e aí as coisas fiquem normalizadas tanto para o Ronaldo como para o Barcelona. Mas ele ainda é um dos cinco melhores do mundo e faz falta a qualquer time de futebol.”
Fuga de craques
Scolari também falou sobre a comissão proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para evitar que os craques brasileiros saiam do país ainda adolescentes.
“Já apresentei algumas idéias ao presidente e reiterei que já existem leis. Só que essas leis, de alguma forma, são burladas, e todos nós sabemos como. Por exemplo, trazer os pais dos meninos para trabalhar numa cidade da Europa não é ilegal.”
Segundo o técnico, em janeiro vai acontecer uma primeira reunião, com cinco a seis técnicos, que vão apresentar propostas ao governo. Depois, com a ajuda de advogados e juristas, deverão ser encontradas soluções legislativas para o problema.
Em relação ao fato de que quase metade dos jogadores do principal campeonato do país não podem ser convocados por terem outra nacionalidade – em Portugal é pouco mais de 50% –, ele defende um limite.
“Eu sou adepto da idéia de que deve-se jogar com no mínimo 70% dos atletas formados no país. Isso seria o melhor para os técnicos da seleção. Mas tem que haver uma concordância dos países e a lei ser direcionada para isso.”
Contrato
Scolari revelou que a Federação Portuguesa de Futebol tem uma opção para renovar o contrato com ele.
Se isso acontecer, deve ser durante a Eurocopa de 2008, disputada em julho na Áustria e na Suíça.
“Desde que eu vim para Portugal, meus contratos terminam no final das competições e tenho renovado no meio das competições. Não quero mudar isso. Está nas mãos da Federação fazer mais um contrato. No dia em que eles disserem que não querem manter a opção, eu tenho a oportunidade de conversar com qualquer outra federação.”