Rodagem de filme amador acaba em tragédia real O Instituto Nacional de Audiovisual de Angola não tinha conhecimento da existência de filmagens para o filme amador onde morreram dois jovens actores, confundidos pela polícia com marginais a sério
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Os
dois jovens foram mortos na segunda-feira, no bairro de Sambizanga,
Luanda, quando empunhavam armas de fogo numa cena ficcionada para um
filme sobre delinquência juvenil.
O director do
Instituto Nacional de Audiovisual de Angola, Miguel Hurst, explicou
hoje à Agência Lusa que o organismo desconhecia o decurso das filmagens
e adiantou que todas as filmagens em curso têm que ter um
«visto de filmagem», o que
«não era o caso».«Não
fomos contactados sobre a gravação de um filme. E só tendo conhecimento
da existência das filmagens seria possível evitar acidentes», disse Miguel Hurst.
A Lusa soube ainda que se trata de um filme amador. Não foi possível, ainda, entrar em contacto com os responsáveis pelo filme.
O
trágico equívoco ocorreu no momento em que os dois jovens actores foram
confrontados com os disparos da polícia que confundira a cena de ficção
com a realidade que, amiúde, acontece nas ruas de Luanda, sendo o
bairro de Sambizanga um dos que estão no
top da criminalidade da capital angolana.
O
porta-voz da polícia, Divaldo Martins, confirmou à Lusa que elementos
da área da investigação criminal da segunda divisão da polícia de
Luanda mataram os actores, justificando o incidente com
«falha de informação».«Trata-se
de um agrupamento cultural, que inclusive solicitou o nosso apoio para
assegurar a segurança durante as filmagens, mas um mal entendido levou
a polícia a agir dessa forma», explicou o porta-voz.
De
acordo com Divaldo Martins, algumas horas antes, no local onde estava a
ser filmada a antepenúltima cena do filme, tinha sido assaltada uma
pessoa, que apresentou queixa à polícia.
«A polícia, no
intuito de apanhar os bandidos em flagrante, utilizou uma viatura não
identificada, tendo chegado ao local precisamente no momento em que os
dois actores, em posse de armas de fogo, simulavam um assalto, levando
os nossos efectivos a disparar», disse o oficial.
Divaldo
Martins referiu que as pessoas implicadas no caso estão detidas, tendo
sido abertos processos-crime e disciplinares, para avaliar a falha da
polícia.
«É necessário a polícia avaliar a situação e analisar o que correu mal», salientou.
Lusa/SOL