Papel de Bill Clinton na campanha 'preocupa' Obama
Bruno Garcez Enviado especial da BBC Brasil a Carolina do Sul
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Bill Clinton criticou Obama durante a campanha na Carolina do Sul. |
De um lado, aquele que pode vir a ser o primeiro presidente negro dos Estados Unidos. Do outro, aquele que foi chamado por
muitos afro-americanos de 'o primeiro presidente negro dos Estados Unidos', mesmo sendo branco. Este
é o quadro que vinha se configurando no Estado da Carolina do Sul -
onde mais de 50% dos eleitores democratas são negros - na campanha para
as eleições primárias neste sábado: o senador Barack Obama enfrentando
um rival de peso na figura do ex-presidente Bill Clinton.
Nos últimos
dias, enquanto a senadora Hillary Clinton investia esforços em Estados
importantes na chamada ''super terça-feira'', no dia 5 de fevereiro,
quando mais de 20 Estados americanos farão eleições primárias
simultaneamente, a campanha da ex-primeira dama para a primária da
Carolina do Sul passou a ser praticamente encabeçada por seu marido.
Em uma ocasião, Obama chegou a afirmar que o papel do ex-presidente na campanha está se tornando ''preocupante''.
Críticas Depois de passar pela Califórnia e Nova York, a senadora só retornou à Carolina do Sul na quarta-feira, onde falou, pela manhã,
sobre seu projeto econômico para os Estados Unidos.
Em
comícios e eventos de campanha, Bill Clinton não poupou críticas ao
rival de sua mulher. Ele afirmou, por exemplo, que Obama cometeu um
erro ao votar a favor do projeto energético apresentado pelo presidente
George W. Bush e acrescentou que provavelmente o senador assim o fez
porque o projeto oferecia ''dinheiro para o etanol''.
Obama é senador pelo Estado de Illinois, o segundo maior produtor do biocombustível nos Estados Unidos.
Bill
Clinton afirmou ainda que a posição da mídia é controversa quando acusa
a ele e a sua mulher de atacarem e distorcerem as palavras de Obama.
''Nunca ouvi nenhuma reclamação pública quando Obama disse que Hillary
não era sincera, não tinha caráter e agia de olho nas pesquisas',
disse.
Debate Na segunda-feira, durante um debate exibido pela rede CNN, Hillary e Obama trocaram acusações relativas à suposta coerência
de suas opiniões e ações.
No mesmo debate, Obama afirmou ainda: ''Às vezes não me parece claro contra quem eu estou concorrendo'', em uma referência
à intensa participação de Bill Clinton na campanha de sua mulher.
Representantes
do Partido Democrata têm advertido para o fato de que o papel agressivo
exercido por Bill Clinton e as constantes agressões mútuas entre
Hillary e Obama poderão provocar um racha dentro do partido e fazer com
que o escolhido entre os democratas para concorrer à Casa Branca já
comece a disputa enfraquecido.
Comercial Nesta
quarta-feira, a campanha de Hillary passou a exibir um comercial de
rádio que utiliza uma frase dita por Obama em uma recente entrevista,
na qual ele afirmou que ''o partido republicano foi o partido das
idéias nos últimos 10 ou 15 anos''.
Em seguida,
um locutor afirma: ''É mesmo? Não são essas mesmas idéias que nos
levaram à bagunça econômica em que estamos hoje? Idéias como dar
isenções fiscais especiais para Wall Street ou acumular uma dívida de
US$ 9 trilhões, recusar a aumentar o salário mínimo ou a lidar com a
crise imobiliária. São essas as idéias sobre as quais Barack Obama está
falando?'' Os
militantes da senadora disseram que o comercial se limita a citar as
palavras de Obama. No entanto, na declaração original, o senador
enfatizava que as idéias defendidas pelos republicanos dominaram as
décadas de 80 e 90, sem afirmar que concordava com elas. No texto
original, o senador acrescentava ainda que tais idéias não valem mais
para os dias atuais.
Kucinich O congressista Denis Kucinich anunciou nesta quarta-feira sua desistência em seguir na disputa à Casa Branca.
Kucinich, que representa a ala mais à esquerda do Partido Democrata, fez uma campanha centrada na oposição à guerra do Iraque,
mas não conseguiu se destacar em nenhuma das prévias eleitorais, tendo obtido votação pífia.
O congressista disse que vai se concentrar na sua campanha de reeleição para o Congresso pelo Estado de Ohio. O ex-prefeito
de Cleveland está em seu sexto mandato como deputado.