"Nenhum país escapará" à crise económica
Exportações são o maior problema da economia nacional
"Nenhum país escapará" à crise económica
Em 2008, o mundo crescerá ao ritmo mais baixo dos últimos cinco anos e este abrandamento vai afectar todos os países. Esta é a principal ideia transmitida ontem pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) na actualização das suas previsões para a economia mundial, que incluem uma revisão em baixa das estimativas para os EUA, Europa e mundo. O FMI é tido, desde a fundação em 1945, como uma das principais referências na antecipação dos grandes movimentos económicos.
"Nenhum país escapará ao abrandamento económico", explicou, numa conferência de imprensa em Washington, o economista-chefe do FMI, Simon Johnson, que preferiu não utilizar a palavra crise, mas sublinhar a importância do momento. "É um abrandamento significativo e é global, sem dúvida", acrescentou.
As novas previsões apontam para um crescimento de 4,1% da economia mundial, de 1,5% do produto interno bruto (PIB) dos EUA e de 1,6% do produto da Zona Euro. Tudo revisões em baixa face aos números anteriores .
No relatório, o FMI sublinha que "o equilíbrio geral de riscos para o crescimento económico ainda está marcado por um abrandamento". E explica porquê: "os problemas no mercado financeiro com origem no sector do crédito hipotecário de alto risco (subprime) nos EUA intensificaram-se, enquanto a profunda queda das bolsas globais foi sintomática da crescente incerteza". Como consequência, "o maior risco (...) é que a turbulência nos mercados financeiros reduza adicionalmente a procura doméstica nas economias desenvolvidas e contagie os mercados emergentes". Os quais, apesar do abrandamento esperado, "têm continuado a expandir-se de forma sólida, liderados pela China e Índia".
Portugal não estará à margem deste movimento global. " É difícil que Portugal não seja afectado, especialmente nas exportações, que têm vindo a crescer. E o impulso do investimento público ou dos apoios comunitários para projectos de investimento pode não ser tão pronunciado como o esperado", explicou ao DN a economista-chefe do BPI, Cristina Casalinho.