| | Padre António Vieira nasceu há 400 anos | |
| | Autor | Mensagem |
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Xô Esquerda
Mensagens : 703 Data de inscrição : 15/12/2007
| Assunto: Padre António Vieira nasceu há 400 anos Qui Fev 07, 2008 1:06 am | |
| Portugal e Brasil relembram Padre António Vieira Pensador e religioso nasceu há 400 anos
Assinalam-se hoje os 400 anos do nascimento do Padre António Vieira.
Jesuíta, missionário e diplomata, ficou na História portuguesa e brasileira como um grande prosador e defensor dos direitos humanos.
As comemorações dos 400 anos do nascimento do padre começam hoje mas vão prolongar-se durante um ano com várias iniciativas em Portugal e no Brasil.
Esta tarde, a partir das 18h00, a Academia de Ciências de Lisboa recebe a conferência do ensaísta Eduardo Lourenço intitulada "Do Império do Verbo ao Verbo como Império" e uma alocução do Presidente da República, Cavaco Silva.
No Centro Cultural de Belém (CCB), cinco escritores (Rodrigo Guedes de Carvalho, António Mega Ferreira, Gonçalo M. Tavares, José Tolentino Mendonça e Armando Baptista-Bastos) lêem excertos dos seus sermões e à noite, no mesmo local, um concerto da orquestra Divino Sospiro e do Coro Officium, intitulado "Foi-nos um Céu Também".
Ainda em Lisboa, um eléctrico chamado Vieira - um dos que fazem a carreira número 28, entre o Largo de Camões e a Graça - fará a viagem inaugural hoje, às 15h00, com especialistas que falarão aos passageiros sobre a vida e obra daquele jesuíta do século XVII. Trata-se de uma iniciativa do Centro Nacional de Cultura e da Carris, que se estenderá até 12 de Fevereiro, pelo menos.
Em Coimbra, na capela da Universidade, realiza-se um Recital de Órgão e Pregação do "Sermão de Quarta-feira de Cinzas" (este ano o dia 06 de Fevereiro coincide com a quarta-feira de cinzas), promovido pelo Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos e pelo Centro Inter-Universitário de Estudos Camonianos daquela universidade.
Na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, será inaugurada uma exposição iconográfica e bibliográfica do padre António Vieira, coordenada e organizada pelo professor Arnaldo do Espírito Santo, presidente da Comissão Científica de 2008 Ano Veirino.
Assinalando também a efeméride, o jornal Correio da Manhã distribui na sua edição de hoje uma biografia e um volume com os Sermões do Padre António Vieira.
O Padre António Vieira deixou uma obra literária composta por 200 sermões, 700 cartas, tratados proféticos e dezenas de escritos filosóficos, teológicos, espirituais, políticos e sociais.
Padre António Vieira
António Vieira nasce em Lisboa a 6 de Fevereiro de 1608, numa casa humilde na Rua do Cónego, perto da Sé. O pai, Cristóvão Vieira Ravasco, serve a Marinha e, durante dois anos, é escrivão da Inquisição. Nomeado secretário do governo da Baía, muda-se para o Brasil em 1609 e, em 1614, leva a família para o Brasil.
Inicialmente mau aluno, António estuda na única escola da Baía, o Colégio dos Jesuítas, em Salvador. Cedo demonstra, no entanto, um inato talento, que os jesuítas tentam canalizar para a vida religiosa. Com voto de noviço, junta-se em 1923 à Companhia de Jesus. Um ano depois, aquando da invasão holandesa de Salvador, refugia-se no sertão como missionário. Toma os votos de castidade, pobreza e obediência.
Aos 30 anos, é nomeado mestre de Teologia. Professor de Retórica, prega pela primeira vez em 1933. Um ano depois, é ordenado sacerdote. Mestre em Artes, exerce a função de pregador, sendo a partir de 1638 que pronuncia alguns dos seus mais notáveis sermões. Aquando da segunda invasão holandesa do Nordeste brasileiro, Vieira defende que Portugal entregue a região aos Países Baixos. Com a restauração da independência, Vieira regressa a Portugal, integrando a missão de fidelidade ao novo monarca. Torna-se amigo e confidente de D. João IV. Declarando-se favorável aos cristãos novos, apresenta um plano de recuperação económica e entra em conflito com a Inquisição.
Eloquente orador, é nomeado pregador régio. Como diplomata, vai a França e à Holanda, para negociar com os Países Baixos a devolução do Nordeste brasileiro. Em 1649, é ameaçado de expulsão da Ordem dos Jesuítas, mas D. João IV opõe-se. Defensor da liberdade dos índios, regressa ao Brasil em 1652, como missionário no Maranhão. Em 1661 é, no entanto, expulso pelos colonos. Volta à Europa com a morte de D. João IV, tornando-se confidente da regente, Dª. Luísa de Gusmão. Indesejado na Corte, perde porém o apoio com a morte de D. Afonso VI. É acusado de heresia pela Inquisição, que não vê com bons olhos a sua teoria do Quinto Império, segundo a qual Portugal estaria predestinado a ser a cabeça de um grande império do futuro. Expulso de Lisboa, é desterrado e mandado para o Porto e depois para Coimbra. Os jesuítas vão perdendo privilégios.
Em 1667, é condenado a internamento e proibido de pregar, mas a pena é anulada seis meses depois. Durante a regência de D. Pedro, recupera apoios poderosos. Vai a Roma para a canonização de 40 jesuítas presos nas Canárias e martirizados pelos protestantes em 1570 – mas também para tentar que Santa Sé anule a sentença condenatória do Santo Ofício. Vieira é, porém, humilhado e injustiçado.
Anos mais tarde, regressa a Roma, onde vive, renovando a luta a Inquisição e alcançando enorme prestígio, com a sua eloquência. Fascina a Cúria com os seus sermões. O Papa isenta o Padre "perpetuamente da jurisdição inquisitorial”. Vieira regressa a Portugal mas, com o agravamento da sua saúde frágil, parte para o Brasil, em busca de melhor clima. É lá que se dedica à tarefa de compilar e conclusão dos seus escritos.
As suas obras são publicadas na Europa, elogiadas pela Inquisição. Velho e doente, deixa de pregar. Em 1694, não consegue escrever de próprio punho. Morre em Julho de 1697, com 89 anos, em Salvador. Tido como o maior prosador da língua portuguesa, o "Imperador da Língua Portuguesa", como lhe chamou Fernando Pessoa deixa uma vasta obra literária e a lembrança de uma personalidade exuberante e rigorosa. Entre os mais famosos sermões, destacam-se o "Sermão da Quinta Dominga da Quaresma", o "Sermão da Sexagésima", o "Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda", o "Sermão do Bom Ladrão", o "Sermão de Santo António aos Peixes”. SIC - 06-02-2008 | |
| | | Xô Esquerda
Mensagens : 703 Data de inscrição : 15/12/2007
| Assunto: Re: Padre António Vieira nasceu há 400 anos Qui Fev 07, 2008 1:12 am | |
| Um eléctrico chamado Vieira assinala IV centenário do nascimento de Padre António Veira
Lisboa, 29 Jan (Lusa) - O eléctrico número 28, que liga o Largo de Camões à Graça, vai chamar-se, a partir de 06 de Fevereiro, "Eléctrico Vieira", para assinalar o IV centenário do nascimento do padre António Vieira. Uma ideia do Centro Nacional de Cultura - à qual a Carris se associou -, a viagem inaugural, marcada para dia 06, às 15:00, contará com a presença de especialistas que falarão aos passageiros da vida e obra do padre António Vieira (1608-1697) e da sua memória ligada à cidade de Lisboa.
"Hoje, quando lemos o padre António Vieira, surpreende-nos o facto de ser tão actual, nos temas e na sua formulação", disse hoje o presidente do Centro Nacional de Cultura, Guilherme d`Oliveira Martins, na apresentação do programa das comemorações organizadas pelo Centro Universitário Padre António Vieira, em Lisboa.
"É que a maturidade da nossa língua em prosa foi adquirida pelo padre António Vieira. Na poesia, foi adquirida por Luís Vaz de Camões, naturalmente", acrescentou.
A Carris, que assim participa nas comemorações dos 400 anos do nascimento do padre jesuíta, missionário, orador e diplomata, manterá a animação temática na carreira de eléctrico número 28 "até 12 ou 13 de Fevereiro, ainda não está decidido", indicou um responsável da empresa presente na sessão.
O eléctrico será decorado com motivos alusivos à figura do padre António Vieira e frases dele, em algumas paragens da carreira haverá também indicações de que o sacerdote terá vivido naquela zona e haverá igualmente distribuição de folhetos explicativos desta intervenção.
Na mesma sessão, foi anunciado o vencedor da primeira edição do Prémio Padre António Vieira, no valor de 10 mil euros: a antropóloga e directora do Serviço Jesuíta aos Refugiados Maria do Rosário Farmhouse.
Trata-se de um galardão destinado a "distinguir um cidadão português cuja intervenção cívica se destaque na promoção dos direitos humanos, do diálogo intercultural e inter-religioso", esclareceu um dos membros do júri, Manuel Braga da Cruz, acrescentando que "não é certo ainda" que o prémio seja atribuído novamente, apesar de ser esse o objectivo da instituição que o atribui.
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