Uma petição on-line contra a possível nomeação do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair para a presidência do Conselho da União Europeia, figura prevista no Tratado de Lisboa, reuniu desde segunda-feira mais de 3 mil assinaturas.
A petição, disponível em
www.stopblair.eu, reuniu até hoje de manhã 3.712 assinaturas originárias de 75 países, incluindo de Portugal, com mais de 150 assinaturas.
"Nós, cidadãos europeus de todas as origens e inclinações políticas, desejamos expressar a nossa oposição total à nomeação de Tony Blair para a Presidência do Conselho da União Europeia", lê-se na primeira página da petição, promovida por um grupo de participantes de um fórum designado "The European Tribune".
Apesar do apelo de carácter europeu, a petição já reuniu adesões de cidadãos dos Estados Unidos da América, Martinica, África do Sul, Canadá e Líbano, entre outros países não europeus.
O Tratado de Lisboa, assinado em Dezembro passado pelos líderes dos 27 Estados da UE na capital portuguesa, prevê a criação do cargo de Presidente do Conselho da União Europeia (UE), a ser eleito para um mandato de dois anos e meio, renovável uma vez.
A nova figura europeia, que terá a missão de representar a UE na cena internacional, deverá ser escolhida até ao fim deste ano pelos chefes de Estado e de governo dos 27.
O nome do ex-primeiro-ministro britânico tem sido um dos mais falados em meios políticos europeus e já foi apoiado por alguns dos principais dirigentes, como é o caso do presidente francês, Nicolas Sarkozy.
"Tony Blair é um grande homem na Europa. Tony Blair teve um papel decisivo na adopção do Tratado simplificado. E quero dizer a Tony que tenho a convicção de que nós precisamos do Reino Unido na Europa, nós precisamos de si, o seu lugar é na União Europeia", afirmou Sarkozy em Janeiro passado.
O texto da petição, disponível em 11 línguas, entre as quais o português, defende que "esta nomeação [de Tony Blair], a acontecer, estaria em contradição total com os valores representados pelo projecto europeu".
No mesmo endereço é referido também que Blair, "em violação do direito internacional (…), envolveu o seu país numa guerra no Iraque, à qual se opôs a maioria dos cidadãos europeus".
"Além disso, parece-nos impensável que o primeiro presidente da União Europeia seja o antigo chefe de um governo que manteve o seu país afastado de dois elementos chaves da construção da Europa: o Espaço Schengen de livre circulação de pessoas e a Zona Euro", defende-se no mesmo texto.