Rede islamita desmantelada "queria matar ministros e judeus" e tinha ligações à Al-Qaida
Rabat, 20 Fev (Lusa) - O Governo marroquino assegurou hoje ter desmantelado uma rede terrorista que planeava assassinar ministros e judeus, ligada à Al-Qaida e a um partido islamita sem representação parlamentar cuja dissolução decretou.
As autoridades afirmam que as três dezenas de membros detidos da rede terrorista denominada Belliraj planeavam cometer atentados e que para isso contavam com aproximadamente meia centena de armas que foram encontradas em Casablanca (centro) e Nador (Norte).
O ministro do Interior, Chakib Benmusa, convocou a imprensa para explicar a operação antiterrorista e afirmou que Belliraj manteve desde 2001 contactos com a organização terrorista Al-Qaida e que os seus membros se treinaram em acampamentos na Argélia do Grupo Salafista para a Pregação e o Combate (GSPC) em 2005.
Este grupo adoptou agora o nome de Al-Qaida para o Magrebe Islámico (AQMI).
"A rede terrorista Belliraj projectava perpetrar atentados com a ajuda de armas de fogo e de explosivos e assassinar personalidades marroquinas", indicou Benmusa.
Segundo ele, a rede "inscrevera como alvo, ministros, oficiais superiores e cidadãos marroquinos de confissão judaica".
Benmusa acrescentou que os membros da rede islamita receberam treino dessas organizações terroristas em matéria de fabrico de explosivos "a partir de produtos químicos disponíveis no mercado" e que "tentaram" organizar "treinos" em centros de Hezbollah no Líbano em 2002.
Entre os 32 detidos pela Polícia Judiciária encontra-se o alegado líder do grupo, Abdelkader Belliraj, assim como os líderes de Haraka de La Umma (Movimento para a Comunidade), Mohamed Amin Ragala e Mohamed Meruani, e o do partido Al Badil Al Hadari (Alternativa de Civilização), Mustafa Moatasim.
Este partido, que se apresentou às eleições parlamentares de 07 de Setembro mas que não conseguiu representação, foi dissolvido por ordem do primeiro-ministro Abas al Fassi, como consequência da operação frustrada em que alegadamente está implicado o seu líder.
Al Badil Al Hadari assegura na sua página na Internet que "rejeita e condena" a violência, e declara que os seus princípios são os da "liberdade, igualdade, justiça e democracia", além de apresentar-se como "uma alternativa real à crise" que se vive no país.
As autoridades marroquinas afirmam que o grupo de Belliraj obteve grande parte do seu financiamento a partir de um roubo cometido na empresa de segurança Brinks, no Luxemburgo, em 2000.
O dinheiro proveniente deste assalto - 17,5 milhões de euros- foi posteriormente branqueado mediante o investimento em projectos turísticos e imobiliários em Marrocos, que serviram, segundo os dados oficiais, para financiar o grupo terrorista desmantelado.
Hoje, o Governo marroquino asegurou que Abdelkader Belliraj, conhecido como "Ilyass" e "Abdelkrim", cometeu seis assassínios na Bélgica entre 1986 e 1989.
Marrocos mantém em alerta os seus serviços de segurança face à ameaça de atentados por parte de grupos islamitas radicais, sobretudo desde que, entre Março e Abril de 2007, sete alegados terroristas morreram em Casablanca cometendo suicídio ou atingidos por disparos da polícia, incidentes em que morreu também um agente.
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