Tajiquistão: Catástrofe humanitária iminente - ONU
24 de Fevereiro de 2008, 10:23
Duchambé, Tajiquistão, 24 Fev (Lusa) - As temperaturas gélidas na Ásia Central têm à beira de uma catástrofe humanitária os cerca de 50.000 habitantes do Tajiquistão, onde escasseiam os alimentos e a electricidade só está disponível poucas horas por dia, anunciaram as Nações Unidas.
Um apelo à comunidade internacional foi lançado para ajudar o pequeno país fronteiriço com o Afeganistão, que saiu de uma sangrenta guerra civil em 1995.
Desde Janeiro que o fornecimento de electricidade se reduz a duas ou três horas diárias, seja no interior, seja na capital, mas para quem não dispõe de corrente no domicílio as condições são insuportáveis.
Há relatos de famílias numerosas, a habitar em apartamentos, cujos membros têm de dormir vestidos e todos no mesmo quarto, para se aquecerem uns aos outros.
O pior é para as crianças, que estão constantemente doentes e não podem ir às escolas, que não têm aquecimento e permenecem fechadas.
A situação é idêntica nos hospitais e, sobretudo, nas unidades de pediatria, onde há relatos, desmentidos pelas autoridades, da morte de crianças por hipotermia.
A falta de água para alimentar a maior central hidroeléctrica do país (Nurek), que fornece até 80 por cento das necessidades energéticas, contribui para agravar o quadro.
Numerosas empresas fecharam as portas e até o pequeno comércio a retalho, como as padarias, não podem laborar por falta de farinha.
Para desespero generalizado, têm igualmente sido reduzidas as entregas de gás natural do Uzbequistão e do Quirguistão, de que depende totalmente o Tajiquistão.
O ministro do Desenvolvimento Económico tajique, Gulom Bobozod, declarou que o actual estado das coisas não sofrerá alteração pelo menos até ao fim do mês.
Os analistas consideram que só a construção de uma central hidroeléctrica mais moderna como a de Rogun, iniciada antes da implosão da União Soviética (URSS), poderia resolver o problema, criando até um superavit de energia para vender ao Afeganistão e Paquistão.
Segundo a ONU, são precisos 17,1 milhões de euros para afastar do Tajiquistão o espectro da catástrofe humanitária.
O Turquemenistão e a Arábia Saudita já responderam ao apelo, comprometendo-se a enviar 500 toneladas de combustível, o primeiro, e oito aviões com ajuda humanitária, o segundo.
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