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 PORTUGAL E O FUTURO

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Vitor mango

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MensagemAssunto: PORTUGAL E O FUTURO   PORTUGAL E O FUTURO EmptyTer Mar 04, 2008 5:37 am

PORTUGAL E O FUTURO


Mário Soares



PORTUGAL E O FUTURO 519063


















Portugal é um Estado-Nação. Quer isto dizer que a Nação coincide em
absoluto com o Estado, ao contrário do que acontece com a nossa vizinha
Espanha, que é um Estado com diversas nações, isto é: com territórios
bem demarcados, línguas próprias, histórias e costumes diversificados.
Embora, após a Constituição democrática de 1978, as quatro
nacionalidades históricas de Espanha, anteriores à Guerra Civil de
1936-1939 - País Basco, Galiza, Catalunha e Castela -, fossem
envolvidas num sistema constitucional, que reconhece 17 autonomias -
para iludir a velha questão que agitou os séculos XIX e XX.
Perguntam-se hoje os constitucionalistas se foi uma boa solução? É
duvidoso que tenha sido, apesar das múltiplas vantagens que trouxe ao
desenvolvimento de Espanha.

Em Portugal, com uma realidade unitária bem diferente da espanhola,
nunca se pôs uma tal questão. Mesmo quando, depois da Revolução dos
Cravos, a Constituição de 1976 reconheceu duas regiões autónomas de
governo próprio, nos arquipélagos dos Açores e da Madeira, dada a
distância que as separa do Continente.

Vem isto a propósito da identidade de Portugal, como Estado-Nação,
desde 1140, que é três séculos anterior a Espanha, como tal, só assim
chamada depois do casamento dos Reis Católicos, Fernando e Isabel, e da
conquista do Reino de Granada, aos mouros (1482). Portugal -
reconheça-se - tem uma identidade fortíssima que resistiu à ocupação
espanhola (1580-1640) - sobretudo no Brasil e noutras regiões do
Império - e se manifesta ainda hoje, sobretudo nas diásporas
portuguesas espalhadas pelos cinco continentes.

E, no entanto, os portugueses, colectivamente, sofrem de péssima
doença: desconfiarem de si próprios. E têm o estranho hábito de dizer
mal - não no estrangeiro, mas em Portugal - de si próprios e da sua
terra. É um mal que vem de longe, cuja razão não consigo explicar. Os
portugueses, em toda a parte, são respeitados, como pessoas sérias,
afáveis e trabalhadores. Gozam de justo prestígio e fazem excelente
figura entre as outras comunidades nacionais. Muitos dos seus filhos
adquirem instrução superior e alguns mais enriquecem.

E, apesar disso, na sua terra, estão sempre a menosprezar o seu país: a
parvónia, a piolheira, como lhe chamava o Rei D. Carlos, a choldra.
Parece sofrerem de um complexo de inferioridade em relação ao
estrangeiro… Sem qualquer razão de ser. A nossa história, que se
desdobra por tantas regiões do mundo e deixou marcas em todos os
continentes, é incomparável. A nossa cultura - em todos os sectores -
não fica atrás de qualquer das dos grandes países europeus. Os
monumentos portugueses, alguns património mundial, são centro de
interesse - e de curiosidade - dos estrangeiros que nos visitam. Como a
nossa gastronomia, afabilidade, os nossos pintores, escritores,
músicos, cientistas e desportistas que, nos últimos anos, se têm
destacado, em profusão, por esse mundo fora. A Revolução dos Cravos foi
unanimemente considerada uma "revolução de sucesso", pacífica, pioneira
e, finalmente, eficaz.

Mas é o povo, com a sua cultura e sabedoria inata, que vem de longe na
História, mesmo quando não é cultivado, que mais aprecio e em que mais
confio. No entanto, reconheço que há portugueses azedos - entre as
elites - que gosta- riam de ter nascido no estrangeiro e que não perdem
uma oportunidade para desancar o seu país. Nunca os compreendi. Mesmo
quando eram escritores de génio, como Eça de Queirós, ou grandes
caricaturistas, como Rafael Bordalo Pinheiro ou pertenciam a círculos
snobes como os Vencidos da Vida, com todo o respeito que me merecem as
suas ilustres pessoas…

Por mim, sempre me senti português dos sete costados - orgulhoso de o
ser - e quanto mais viajo e comparo a minha terra com as outras, mais
esse sentimento patriótico, mas não nacionalista, que é outra coisa,
vem à superfície. Português, ibérico, europeu e, na medida da minha
pequenez, cidadão do mundo…

Tenho confiança no futuro de Portugal - e dos portugueses -, sempre
tive. Mesmo nos anos cinzentos e tão tristes da ditadura. Durou de
mais, é verdade, mas a liberdade chegou- -nos, finalmente. Nos últimos
trinta anos, Portugal progrediu imenso. É incontestável! E não é agora
por a Europa estar em crise - e o mundo a entrar em recessão - ou por
sentirmos, é verdade, "um difuso mal-estar" que os órgãos de
comunicação social ampliam, que nós vamos perder a confiança em nós
próprios e no destino português!|
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