Manoel Oliveira «é ligação entre o velho e o novo» e «um realizador notável» - New York Times
O realizador Manoel de Oliveira é “uma ligação viva entre o velho e o novo” que desafia os “preconceitos” sobre o que deve ser o fim de carreira de um artista, escreve o New York Times no seu suplemento cultural.
O artigo foi publicado para assinalar uma retrospectiva dos filmes de Manoel de Oliveira na cinemateca da conceituada Academia de Musica de Brooklyn a decorrer desde sexta-feira até o fim de Março. A retrospectiva, que engloba 18 dos 28 filmes de Manoel de Oliveira, irá depois ser exibida em Boston e Los Angeles.
O jornal faz notar que Oliveira, que faz 100 anos em Dezembro, fez “pelo menos” um filme por ano desde os seus 82 anos de idade. "Esta produção de fim de carreira, um adeus longo e recompensador, desafia os preconceitos do que deve ser o período de pôr-do-sol de um artista,” escreve Dennis Lim no artigo intitulado “O longo ponto de vista de um realizador centenário”.
“A produtividade sem receios de Oliveira é notável, tal como é o vigor criativo dos seus últimos filmes que não esmoreceu,” acrescenta.
Para o articulista do New York Times, Oliveira é um realizador que “coloca mais perguntas do que respostas”.
"Embora seja tentador ligar o seu espirito inquisitivo a um homem de um quarto da sua idade, a sua longevidade não pode ser vista como uma coincidência do seu trabalho,” afirma o artigo.
“Nos seus filmes mais ricos, Oliveira cria a impressão de ser um homem de um século de cinema, uma ligação viva entre o velho e o novo: os ideais do Iluminismo, modernismo e alta cultura europeia por um lado, a incerteza e multiplicidade da actual era por outro,” acrescenta.
Em declaração ao New York Times, o realizador afirma que nunca foi “um homem político”, mas que a sua “obsessão é o humanismo" e rejeita todas as acções que "possam causar dano ao homem”.
“Penso que o cinema é a síntese de todas as formas de arte e eu tento equilibrar os quatro pilares do cinema: imagem, palavra, som e música,” disse o realizador português.
O jornal faz notar que, apesar de ser considerado um “mestre moderno” na Europa, Manoel de Oliveira permanece uma “figura marginal” nos Estados Unidos, acrecentando que o seus filmes “baseados na história, folosofia e teologia, nunca fizeram concessões óbvias aos gostos do mercado do cinema-arte”.