Homilias mais curtas e acaba comunhão na mão
As novas regras estão a ser preparadas desde o início do pontificado de Bento XVI, mas o cardeal D. Albert Malcom Ranjith, número dois da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, já desvendou algumas das ideias: homilias mais curtas, genuflexão diante das espécies eucarísticas consagradas, favorecendo a adoração de joelhos e receber a comunhão na boca e não nas mãos.
Quanto às homilias, não há grande novidade. Desde há mais de uma década que as dioceses, pelo menos em Portugal, estabeleceram a norma de as homilias demorarem entre oito e dez minuto.
No entanto, para além do tempo, desta vez o Vaticano impõe regras quanto ao conteúdo, referindo que o celebrante “
deve estudar profundamente o Evangelho e ater-se sempre a esse texto”.
Mas o que é encarado como um retrocesso ao nível das regras de celebração da Eucaristia é o facto de a Congregação para o Culto Divino pretender que a comunhão seja recebida na boca, como acontecia até meados dos anos setenta, e não na mão, método cada vez mais em voga entre os fiéis.
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Vejo isso, de facto, como um retrocesso”, disse ao CM o padre João Alberto Correia, doutorado em Sagrada Escritura e pároco de Frossos, em Braga, sublinhando que “
o mais acertado será corrigir sempre que se detectar algum abuso e não decretar o fim da ministração da Comunhão na mão”.
De resto, a tendência para “
favorecer a adoração de joelhos”, é algo com que a esmagadora maioria dos sacerdotes concorda.
De resto, desde há uns meses que os bispos portugueses se debruçam sobre o “
enobrecimento da Eucaristia”, sobretudo ao nível dos cânticos.
A Conferência Episcopal admite mesmo a elaboração anual de livros de cânticos, a serem adoptados em todas as paróquias do País.
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PREGAÇÃO CURTA, CLARA E CONCISA"
Para D. Jorge Ortiga, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, a questão das homilias com uma duração máxima de dez minutos já tem em Portugal quase duas décadas. “
Há muito tempo que indicamos aos sacerdotes que a pregação tem de ser curta, clara e concisa, sempre com o Evangelho como elemento fundamental”, diz o prelado, sublinhando que ainda não lhe chegou ao conhecimento qualquer documento recente sobre normas a ter em conta na celebração das Eucaristias. No entanto, D. Jorge defende “
a busca constante da qualidade”, no que toca à celebração de todos os sacramentos e, muito particularmente da Missa. No que toca às homilias diz que, “
por norma, todos os padres cumprem, quer em termos de tempo, quer ao nível do conteúdo”, já no que respeita às restantes normas que possam estar em debate, prefere aguardar a sua publicação oficial.
Secundino Cunha
Correio da Manhã