Israel decreta boicote à emissora Al Jazeera
Guila Flint De Tel Aviv para a BBC Brasil
|
|
|
|
Cobertura de choques em Gaza agravou crise entre Israel e canal |
O Ministério das Relações Exteriores de Israel decretou nesta quarta-feira um boicote à emissora de TV Al Jazeera, do Catar, o canal com a maior audiência no mundo árabe. De acordo com as autoridades israelenses, a emissora “incita o terrorismo”.
O vice-ministro das Relações Exteriores de Israel, Majali Wahabe, afirmou que a
Al Jazeera “é inconfiável, prejudica Israel e incita as pessoas a atividades terroristas”.
“Israel não vai mais prestar serviços a um canal que pode nos causar sérios danos”, disse Wahabe.
O ministério também afirma que a
Al Jazeera é “tendenciosa em favor do Hamas”.
A partir desta quarta-feira, porta-vozes israelenses deixarão de dar entrevistas à emissora e as instituições governamentais
de Israel suspenderão qualquer tipo de colaboração com os jornalistas do canal.
Os jornalistas da
Al Jazeera estarão, inclusive, proibidos de entrar em escritórios do governo.
O diretor da
Al Jazeera em Israel, Walid El Omari, disse “estar espantado” com a decisão do governo israelense.
“É surpreendente que um país que fala tanto de democracia persiga jornalistas e tente reduzir a liberdade de expressão e de
movimentação”, disse El Omari.
A crise entre a emissora e o governo israelense se agravou depois da cobertura do canal aos últimos choques na Faixa de Gaza,
que deixaram mais de 120 palestinos mortos.
De acordo com as autoridades israelenses, a cobertura foi “propaganda do Hamas”.
O boicote à
Al Jazeera foi criticado por especialistas em mídia de Israel.
Raanan Gissin, que foi porta-voz do ex-primeiro ministro de Israel, Ariel Sharon, afirmou que a decisão “talvez satisfaça
uma vontade de vingança, porém Israel está abandonando o palco para apenas um tipo de opinião”.
O ex-embaixador de Israel no Egito, Tzvi Mazel, também criticou a decisão e afirmou que, em vez de boicotar a
Al Jazeera, Israel deveria enviar à emissora porta-vozes “fortes, que pudessem apresentar as posições de Israel de uma maneira mais
vigorosa”.