Rabi alemão acusa Bento XVI de fomentar o anti-semitismo
Sofrimento. Nas Filipinas, 19 homens voltaram a cumprir a tradição da crucificação, apesar dos avisos da Igreja contra o ritual. Já em Jerusalém, um libanês nascido em Israel que está a estudar para ser padre recriou o sofrimento de Cristo durante a Via Sacra. Em Sevilha, e depois de na véspera a chuva ter estragado as cerimónias, puderam por fim realizar-se as procissões das confrarias.
"Vamos também rezar pelos judeus: Que o nosso Deus e Senhor possa iluminar os seus corações, que reconheçam que Jesus Cristo é o Salvador de todos os homens." Esta oração da Sexta-feira Santa, incluída na missa em Latim que o Papa recentemente autorizou e que é usada numa minoria de Igrejas em todo o mundo, é considerada extremamente ofensiva pelos judeus. O rabi alemão Walter Homolka acusou Bento XVI de fomentar o anti-semitismo.
"A Internet já está cheia de comentários de católicos de extrema-direita que dizem: 'Espectacular, agora finalmente temos a luz verde para converter os judeus'", disse Homolka à revista alemã Der Spiegel. "Este é um regresso aos tempos que pensámos que já tínhamos ultrapassado", indicou o vice-presidente do Conselho de Judeus da Alemanha, Solomon Korn, ao Frankfurter Rund-schau, dizendo que esperava mais sensibilidade de um Papa alemão.
Em todo o mundo, foram cerca de 1600 os rabis que protestaram formalmente contra a oração, que foi abandonada juntamente com a missa em Latim, mas reapareceu com Bento XVI - apesar de tudo já aligeirada. Na anterior versão, pedia-se a Deus que "removesse o véu dos seus corações" e que pusesse um fim "à cegueira daquelas pessoas que reconhecendo a luz da vossa verdade, que é Cristo, possam sair da escuridão".
Via Sacra no Coliseu
O Papa confiou à mais alta autoridade católica na China, o cardeal de Hong Kong, Joseph Zen Ze-Kiun, a tarefa de redigir as meditações da tradicional Via Sacra no Coliseu de Roma. Numa altura em que o Vaticano procura estender a mão a Pequim, o texto fazia referência aos "mártires vivos do séc. XXI" e pedia que se pensasse nos "perseguidores", fazendo do governador romano Pilatos "a imagem de todos os que detêm a autoridade como instrumento de poder e não se preocupam com a justiça".
dn