Fóssil mostra 'primeiro animal a fazer sexo'
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Fóssil escavado na Austrália mostra a Funisia "de perfil" |
Uma
espécie de minhoca de 30 cm de comprimento, que vivia no fundo do mar,
pode ter sido o primeiro ser vivo a praticar sexo, há pelo menos 565
milhões de anos, segundo descoberta da paleontóloga Mary Droser, da
Universidade da Califórnia Riverside. A paleontóloga e sua equipe argumentam que o ecossistema da Terra já era complexo muito antes do que se pensava, ainda na
Era Neoproterozóica, quando começaram a aparecer os primeiros organismos multicelulares.
Até
hoje acreditava-se que os primeiros organismos multicelulares eram
simples, e que as estratégias atuais usadas pelos animais para
sobreviver, se reproduzir e crescer em números só teriam aparecido bem
depois, por causa de uma série de fatores, que incluiriam pressões
evolucionárias e ecológicas, impostas por predadores e pela competição
por alimentos e outros recursos.
Mas a paleontóloga encontrou fósseis da
Funisia dorotheano deserto do sul da Austrália, que demonstram que o organismo tubular
tinha vários meios de crescer e se reproduzir – similares às
estratégias usadas pela maioria dos organismos invertebrados para
propagação atualmente.
Há 540 milhões de anos… A
Funisia dorothea crescia em abundância, cobrindo o solo do oceano, durante a Era Neoproterozóica, um período de 100 milhões de anos que se
encerrou há cerca de 540 milhões de anos, quando não havia predadores.
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Fóssil mostra como os organismos se prendiam ao solo |
“O modo como a
Funisiaaparece nos fósseis mostra claramente que os ecossistemas eram
complexos desde muito cedo na história dos animais na Terra – isso é,
antes de os organismos desenvolverem esqueletos e antes do surgimento
da predação ampla”, disse Mary Droser, que descobriu os organismos pela
primeira vez em 2005.
“Geralmente, os indivíduos de um organismo crescem próximos uns aos outros, em parte, para garantir o sucesso reprodutivo”,
afirmou a paleontóloga. “Na
Funisia, nós estamos muito provavelmente vendo reprodução sexual num antigo ecossistema – possivelmente a primeira ocorrência de
reprodução sexual entre animais em nosso planeta.”
Os
fósseis mostram grupos de indivíduos da espécie com aproximadamente a
mesma idade, o que sugere uma “ninhada”, o que, normalmente, seria
fruto de reprodução sexual, afirma a cientista.
“Entre os
organismos vivos, a produção de ninhadas quase sempre é fruto de uma
reprodução sexuada, e muito raramente de reprodução assexuada”, disse
Droser.
Além das ninhadas, o organismo se reproduzia por “brotos”, gerando novos indivíduos a partir de pedaços, e cresciam adicionando
pedaços às suas pontas.
Segundo
a paleontóloga Rachel Wood, da Universidade de Edimburgo, na Escócia, a
descoberta mostra que estratégias de desenvolvimento fundamentais já
haviam sido estabelecidas nas primeiras comunidades animais conhecidas,
há cerca de 570 milhões de anos.
“O fato de que a
Funisiamostra o crescimento em grupos de indivíduos próximos uns aos outros no
solo do mar nos permite inferir que esse organismo também se reproduzia
sexualmente, produzindo ninhadas limitadas de larvas”, disse a
paleontóloga, que não está envolvida no estudo.
“Este é o
modo como muitos animais primitivos, como esponjas e corais, se
reproduzem e crescem hoje em dia. Então, apesar de não conhecermos as
afinidades de muitos desses animais mais antigos, nós sabemos que suas
comunidades foram estruturadas de modos muito similares aos que existem
ainda hoje.”
O estudo de Mary Droser foi publicado na edição desta sexta-feira da revista científica
Science.