Tibete: Recusa de diálogo justifica "medidas de boicote" aos Jogos Olímpicos, diz Presidente do Parlamento Europeu
22.03.2008 - 14h16 Lusa
O presidente do Parlamento Europeu, Hans Gert Pöttering, defendeu hoje "medidas de boicote" aos Jogos Olímpicos de Pequim caso a China continue a recusar dialogar com o líder espiritual tibetano Dalai Lama.
"Pequim tem de se decidir. É preciso entrar em conversações imediatamente com o Dalai Lama, mas se não houver nenhum sinal de comunicação, eu considero que as medidas de boicote [dos Jogos Olímpicos] serão justificadas", referiu Pöttering numa entrevista a um jornal alemão.
De acordo com a agência France Press (AFP), que cita o jornal "Bild am Sonntag", o presidente do Parlamento Europeu salientou que também ele quer que os jogos aconteçam entre 8 e 24 de Agosto, conforme programado, "mas nunca ao preço do genocídio cultural dos tibetanos".
Pöttering apela assim aos países da União Europeia a falar "a uma só voz" em matéria de defesa dos Direitos Humanos no Tibete.
"A China é um parceiro importante da Europa, por exemplo na protecção do clima. O diálogo e a cooperação devem assim ser recíprocos. No entanto, o povo tibetano não deve ser sacrificado. Perderíamos o nosso amor-próprio", considerou.
O Dalai Lama, líder espiritual dos budistas tibetanos, afirmou quinta-feira estar disponível para um encontro com o presidente chinês, Hu Jintao, se receber "indicações concretas" de que Pequim deseja dialogar.
A violência no Tibete começou a 14 de Março por ocasião do aniversário da revolta tibetana de 1959 contra a presença chinesa.
A China acusou hoje o Dalai Lama de enganar a comunidade internacional com a sua oferta de diálogo e elevou de 13 para 19 o número de mortos provocados pelos distúrbios no Tibete.
Segundo as últimas contas do Governo tibetano, o número de vitimas mortais durante os protestos na capital do Tibete ascende a 18 civis e um polícia, enquanto o número de feridos soma os 382 civis, 58 em estado considerado grave, e 241 polícias, 23 dos quais em "estado crítico".
Este balanço oficial chinês contrasta, no entanto, e uma vez mais, com o do Governo tibetano no exílio, que fala em 99 tibetanos mortos, 80 em Lassa, e 19 atingidos a tiro pela polícia na província de Gansú.
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