Fixação da população na Beira Interior exige inovação
"Inovação e empreendedorismo" é o tema da primeira Conferência da Primavera que tem lugar sexta-feira, dia 11, no auditório de 'A Moagem - Cidade dos Engenhos e das Artes', no Fundão.
Técnicos e especialistas, em diferentes áreas, empresários e investidores, da região e de fora dela, e todos quantos, de algum modo, se preocupam com a Beira Interior e o seu desenvolvimento vão pensar e debater a inovação e o empreendedorismo na região. P
Porque falta emprego ali e dele depende, antes de mais, o combate à desertificação - só ele parece capaz de fixar a população.
O Jornal do Fundão (JF), que recusa ser indiferente a tudo o que se passa na região onde nasceu e vive, que, fiel à sua história, não desiste de assumir um papel cada vez mais activo na sua terra, é o autor e o promotor da ideia. Uma ideia para ajudar a aumentar a capacidade de iniciativa, para desafiar à assunção do risco e para fomentar a cultura da inovação, pois, sem isso, não haverá empresários nem empresas e não serão, naturalmente, mantidos os empregos existentes, nem criados novos postos de trabalho.
É evidente que uma iniciativa isolada não faz a Primavera, reconhece Vasco Pinto Leite, director-geral do JF. "Uma andorinha não faz a Primavera", mas esta conferência - como denuncia o próprio título - quer ser, precisamente, um sinal de Primavera. Um sinal de esperança, que é possível e faz todo o sentido, porque a Beira Interior já não está isolada do resto do mundo. E, neste plano, é fundamental, por exemplo, a A23 (auto-estrada que atravessa a região de alto a baixo, que liga entre si os seus principais centros urbanos e os aproxima do país e do estrangeiro), mas, mais importante ainda, é o facto de não faltar ali gente preocupada em inverter a situação.
Há já algumas autarquias locais, empresas, associações e instituições realmente empenhadas em transformar a situação e que se abriram à mudança e à iniciativa. A mentalidade dominante continua, no entanto, a ter uma certa dificuldade em perceber as mudanças e continua com pouca capacidade de inovar, de correr riscos. Mas também há sinais animadores - a que não são indiferentes as acções da Universidade da Beira Interior (promoção da cultura de formação, inovação e empreendedorismo) ou da Câmara do Fundão (responsável por projectos como o da "marca" Cerejeiras em flor), exemplifica Vasco Pinto Leite.
A proximidade da Beira Interior de Espanha é uma dificuldade ou uma oportunidade? "Tenho sempre dificuldade em encontrar dificuldades", reage o director-geral do JF, considerando que o facto da fronteira passar ali "só é dificuldade para quem se deixar abater pelas ameaças". De resto, sublinha, há aqui empresas, cujos volumes de negócios no estrangeiro representam mais de 90% do total (casos da Frulact ou da Unitom).
"A fronteiras têm cada vez menos influência" e, no caso da Beira Interior, deixam o mercado espanhol à sua disposição, basta haver quem seja capaz de o conquistar. Falta a tal nova mentalidade e que quando surge demonstra, de resto, que qualquer mercado está ao nosso alcance. E a Beira Interior vai conseguir.
DN