José Mourinho - The Special One

Habituado a um ritmo de vida frenético, a não dispor de muito tempo para a família, como é que José Mourinho, o melhor treinador do Mundo, está a lidar com esta paragem forçada, depois de, há precisamente um mês, ter saído do Chelsea? "De forma perfeitamente tranquila", garantem os amigos.

Apesar de estar há um mês desempregado, não tem tido tempos mortos. "Eles trouxeram muita coisa de Inglaterra e estão ainda a compor a casa", conta Eládio Paramés, amigo de Mourinho há mais de 15 anos e assessor pessoal do treinador no Chelsea.

Diariamente, leva e vai buscar os dois filhos - Matilde, 11 anos, e José Mário , 7 anos - ao Saint Peter's School, em Palmela, o mesmo colégio que a mulher, Matilde, 41 anos, frequentou. Ambos se adaptaram bem ao novo estabelecimento de ensino, principalmente Matilde (ou Tita, como lhe chamam a família e amigos), uma vez que já ali tinha sido aluna quando Mourinho treinou o Benfica, em 2000. José Mário (ou Zuca) tem tido alguns problemas de adaptação, "mas nada de preocupante". Os seus pontos fracos são a caligrafia (que terá de melhorar) e as disciplinas de Matemática (cujo método de ensino é diferente) e de História de Portugal (que nunca estudou em Inglaterra).

No pacato bairro das Amoreiras, à saída de Setúbal, onde a família vive desde que regressou a Portugal, o "Special One" raramente é visto. "As poucas vezes que o vi foi no carro. Ele raramente sai de casa e, quando o faz, não pára pelo bairro", disse um vizinho ao JN.

No "Sabores Menus", onde o técnico toma por vezes café, os presentes sentem-se incomodados quando se pergunta por Mourinho. Todos parecem cansados do assédio constante dos jornalistas. "Se você se cruzar com alguém conhecido não cumprimenta essa pessoa? O Mourinho faz a mesma coisa", são as únicas palavras que conseguimos arrancar do funcionário.

Quem lida de perto com o técnico garante que ele faz uma vida "perfeitamente normal". Mourinho já foi visto no Mercado do Livramento e numa missa na igreja de São Francisco, perto de casa. No passado fim-de-semana, foi à praia com a família, a Tróia, e almoça e janta frequentemente com amigos em restaurantes da cidade sadina. Também tem aproveitado para acompanhar de perto as obras de remodelação da casa que tem em Ferragudo, no Algarve, e para ver alguns filmes em DVD.

Quando o telemóvel toca

Se há algo que Mourinho não descura - além da família - é a condição física. O técnico tem consciência de que o seu futuro profissional (ao nível desportivo, mas também publicitário) depende em grande parte desse aspecto. E, ao contrário do que seria de esperar, neste mês de paragem, até perdeu alguns quilos.

Eládio Paramés diz que José Mourinho tem cuidado com a alimentação e pratica exercício físico regularmente. Comprou algumas máquinas, incluindo uma bicicleta estática, e sempre que as condições atmosféricas o permitem, nada na piscina de casa, que agora tem água aquecida.

Embora tenha sempre dito publicamente não estar preocupado com o futuro profissional, nem por isso deixa de acompanhar o que se passa no mundo do futebol. Só no primeiro fim-de-semana, depois de ter sido demitido do Chelsea, assistiu a sete partidas pela televisão.

"Ele não está obcecado com esta questão, mas claro que está atento ao que se passa", sublinha Eládio Paramés. E acrescenta "Mourinho está a aproveitar este tempo também para analisar o trabalho que fez até hoje e reflectir no que poderá fazer no futuro, que esquemas, que tácticas pode vir a usar, independentemente do local para onde vá trabalhar".

E à inevitável pergunta sobre se o telemóvel de José Mourinho tem tocado, o ex-assessor do "Special One" responde que sim, mas que esse assunto é tratado pelo empresário Jorge Mendes.

Nos últimos dias, o nome do técnico português tem sido falado como possível substituto do seleccionador inglês, Steve McLaren, caso este falhe o apuramento para o Euro 2008.

Mourinho tem recebido convites para participar em palestras no estrangeiro e está a analisar uma possível ida ao Oriente, devido a compromissos publicitários. Mas o mais certo é esta última não se concretizar. O "Special One" quer aproveitar ao máximo o tempo com a família, que, provavelmente, no final de Novembro, irá de férias para o estrangeiro. "Quem sabe se em Janeiro ele não estará já a trabalhar?", deixa no ar Eládio Paramés.

JN (19-10-2007)