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 Era uma vez o plano tecnológico

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Lech Walesa

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MensagemAssunto: Era uma vez o plano tecnológico   Era uma vez o plano tecnológico EmptySáb Abr 12, 2008 10:28 am

Era uma vez o plano tecnológico


O betão permite chegar mais rápido e mais longe. A economia será relançada, mas sem sustentação. O futuro faz-se cada vez mais com o conhecimento
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É o insustentável peso do betão. Por razões diferentes, a maior parte pouco virtuosas, é a explicação para a onda de investimentos públicos. Uma vaga que já varreu a espuma marcante do início do actual Governo: o plano tecnológico e a promoção do conhecimento.

Há quem considere o betão necessário. “A economia portuguesa precisa destas obras, para ajudar ao relançamento”, diz Pedro Lains, economista e investigador do Instituto de Ciências Sociais (ICS). Ou, igualmente, ache a opção inevitável. “No período crítico por que passa a economia global, é o óbvio aproveitamento dos fundos comunitários”, afirma Carla Graça, engenheira do Ambiente e membro da Quercus.

Outros consideram-no o betão desnecessário. “Os sectores mais dinâmicos da economia portuguesa não estão envolvidos nestes projectos”, ditados pelos lóbis que têm “a capacidade de influenciar as escolhas das opções estratégicas”, diz Manuel Mira Godinho, economista, professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) e especialista na área da inovação e da propriedade intelectual. “Há apenas o envolvimento da construção e do sector financeiro”, especifica. “É a gastar assim que se alimentam as redes de clientela do sector público”, acrescenta o politólogo Joaquim Aguiar.

De tão pesado, o betão é mesmo omnipresente. Verdadeiramente, “nunca saímos do ciclo. Há uma continuidade, década após década. Opções como o TGV, por exemplo, sempre estiveram na agenda”, acrescenta Godinho.

Uma bitola compatível com a de Borges Gouveia, professor da Universidade de Aveiro e responsável pela área de competitividade, inovação e empreendedorismo do Conselho Empresarial do Centro. “A História não se repete, mas há ciclos muito semelhantes. Há novamente a ideia de que o desenvolvimento e o crescimento se fazem pelo betão e pelo asfalto”, diz. Uma crença sem qualquer correspondência com a realidade: “é o regresso da fantasia”, resume Aguiar.

O anúncio deste conjunto de iniciativas não é certeza, unânime, da obra feita. Aguiar duvida que possa haver financiamentos para tanta empreitada ao mesmo tempo. “Há de falta de liquidez nos mercados financeiros internacionais”, salienta. Mas o problema maior parece vir a ser a relação custo-benefício. “Importa saber se as formas de financiamento são sustentáveis”, diz Lains. “Tenho algum cepticismo. O PSD já mostrou que sabe fazer obras públicas. O PS ainda não. Só me ocorrem os estádios do Euro-2004”. Godinho aposta nas derrapagens: “As obras vão ser muito mais caras (20%, 30% ou até mesmo 50%)”.

A factura subirá. “O problema serão os custos operacionais, que o Estado terá de suportar”, diz o docente do ISEG. “O TGV só é rentável a partir de 16 comboios diários em cada sentido. Ora isso não acontecerá entre Lisboa e Madrid nos próximos 20 anos”.

O cilindro das obras calca assim o rasto do plano tecnológico e da aposta no conhecimento. “Não passou de uma aposta retórica”, afirma Godinho. “É uma coisa abandonada”, diz Gouveia. Lains é o único que crê na coabitação entre o betão e a massa cinzenta. “São compatíveis e complementares. Mas a tese do desajustamento tem mais apoiantes. “São erros estratégicos sucessivos. Não se dinamizaram os factores de competitividade nem pólos de conhecimento, públicos e privados”, diz Mira Godinho. “Em Portugal, gastamos o dinheiro para fazer as coisas de hoje (ou as de ontem, que já deviam estar feitas). Nunca para preparar o futuro”, remata Gouveia.



Paulo Paixão


http://clix.semanal.expresso.pt/1caderno/pais.asp?edition=1850&articleid=ES287751
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