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 Quando os romanos se instalaram na Península

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MensagemAssunto: Quando os romanos se instalaram na Península   Quando os romanos se instalaram na Península EmptyQui Abr 17, 2008 5:34 am

I Curso Livre sobre História Militar


Qual a receita do êxito dos romanos, que superaram os herdeiros de Alexandre, o Grande?
Segundo um historiador grego, o segredo estava na organização militar, que, nas suas deslocações, usavam uma estrutura eficaz: os acampamentos. Ainda há vestígios, no território português.


Nair Alexandra

Decorriam os anos vinte do século passado e Alfonso XIII, de Espanha, visitava as escavações do sítio arqueológico de Numância, situado na actual Soria, cidade espanhola junto ao rio Douro. O rei avistou um cerro vizinho e perguntou aos arqueólogos o que era aquilo. Resposta: "Ah, isso é um acampamento romano, mas é uma coisa que só interessa aos alemães!".

Carlos Fabião, arqueólogo e professor universitário, relatou esta pequena história na segunda aula do Curso de História Militar, a decorrer na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Foi durante a sua conferência, "Os Acampamentos Romanos", e utilizou o relato para exemplificar como durante muito tempo historiadores e arqueólogos da Península Ibérica deram pouca importância ao tema. A historiografia dos dois países, influenciada por um espírito nacionalista, concentrava as suas atenções na resistência dos povos indígenas e dos símbolos de resistência ao invasor. Numância foi um deles: o último cerco da antiga cidade começou em 134 antes de Cristo, até que, no ano seguinte, esta seria destruída pelas tropas romanas sob o domínio de Cipião, mas não sem uma resistência dura aos ocupantes. A partir do início do século XX começaram as escavações regulares em Numância, marco importante do domínio de Roma na Península Ibérica. Entretanto, o arqueólogo alemão Adolf Schulten viria a ser um dos grandes impulsionadores da investigação dos acampamentos militares romanos no actual território espanhol, seguindo as pisadas da escola alemã - na Europa central estavam as fronteiras orientais europeias do império.

Importantes os acampamentos romanos? Essenciais. Políbio, historiador grego do século II antes de Cristo, procurou respostas à questão sobre como é que Roma acabaria por vencer a civilização helénica, herdeira de Alexandre Magno. A resposta, encontrou-a ele na organização militar. O êxito das campanhas romanas devia-se ao facto de estes exércitos, nas suas deslocações, utilizarem a estrutura simples dos acampamentos, frequentemente rectangulares ou quadrangulares, onde a construção de fossos era conjugada por muralhas de terra reforçadas por madeira. Muitos dos que viriam a ser escavados nas épocas recentes estavam longe do modelo racional explicado por Plínio e da sua organização exemplar. Alguns relatos definem, mesmo, a campanha de moralização levada a cabo pelo general romano aquando do cerco de Numância: entre outras medidas, foi necessário expulsar do acampamento prostitutas e prostitutos, magos, adivinhos, escravos pessoais, os últimos com argumentos como este: só as bestas precisavam de ser lavadas por outros...

Em Espanha, recentemente, o estudo dos acampamentos romanos conheceu um forte desenvolvimento, muito menor em Portugal. Mesmo assim alguns sítios arqueológicos foram associados a acampamentos romanos: Chões de Alpompé (concelho de Santarém); Lomba do Canho (Arganil), Cáceres el Viejo (Cáceres, Espanha), o Alto do Castelo(Alpiarça), Mata-Filhos (Mértola) ou a famosa "Cava de Viriato", em Viseu. Contudo, a sua forma de octógono, típica de estruturas muçulmanas, e outras indicações (como fontes literárias), levaria, posteriormente, alguns estudiosos a situarem ali o acampamento do célebre Almansor, que, em pleno domínio islâmico, terá concentrado o seu exército na actual Viseu para daí organizar o saque a Santiago de Compostela. Quando, em 1988, o especialista Vasco Mantas apresentou esta tese, em Viseu, o anúncio teve foros de escândalo: a "Cava de Viriato" um acampamento islâmico?!? Mais recentemente crê-se que ali houve, de facto, uma estrutura romana, reutilizada, séculos depois, por tropas muçulmanas.

Carlos Fabião referiu, ainda, o Castelo da Lousa (Mourão), outrora situado junto às margens do Guadiana e investigado por arqueólogos antes de ser submerso na sequência da construção da Barragem do Alqueva. Esta construção em xisto terá sido erguida no século I, sob o imperador Augusto. Poderia estar ligada à existência de jazidas mineiras ou a colónias ligadas ao exército. Aqui (à semelhança de outras estruturas), foram encontrados diversos materiais, como cerâmicas. É que as movimentações militares constituíam, entretanto, um formidável investimento na deslocação e comercialização de bens de consumo. Em Roma, como hoje (com as devidas distâncias) no Iraque.

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