Porto, 19 de Abril (Lusa) - Belmiro de Azevedo criticou esta manhã a eventual aposta numa parceria público-privada para gerir o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, porque "quando as coisas correm mal o Estado passa a bola mãos ao sector privado".
O empresário e antigo presidente executivo da Sonae SGPS transmitiu esta opinião durante as Jornadas dos Administrativos da Saúde, que decorrem hoje no Hospital de Santo António, no Porto.
Como orador convidado, Belmiro de Azevedo fez uma exposição sobre "Perspectiva empresarial" e a certa altura referiu-se à recente "declaração de interesses" da Sonae sobre a gestão do aeroporto que serve o Porto e a Região Norte.
O empresário não é um adepto das parcerias público-privadas. "São muito perigosas, porque há um conflito de interesses", explicou. Notícias recentes deram conta de que, para concorrer à gestão do aeroporto, a Sonae conta com a parceria do Grupo Soares da Costa.
Um estudo recente da consultora Deloitte e da Faculdade de Economia do Porto recomenda que a gestão do aeroporto seja partilhada entre entidades públicas e privadas, em que a parte pública seria representada pelas autarquias.
Belmiro de Azevedo encara uma possível participação da Sonae na gestão deste equipamento como "um acto de mecenato", em que o objectivo final é fazer com que ele seja "muito competitivo".
Não o assusta perder esta corrida pelo controlo do segundo aeroporto português. "Se perdermos, perderemos", disse. Seja como for, a sua opinião é que "o negócio tem que ser desenhado para ganhar dinheiro", com o qual deve ser constituído "um fundo para a promoção do Porto e da Região Norte".
"Uma parte substancial dos lucros deste aeroporto vai ser aplicada para satisfazer os interesses económicos sobretudo do turismo, porque o turismo pode atrair muita gente aqui para a Região Norte", especificou.
"O aeroporto pode dobrar a sua capacidade actual se se fizer aquilo que queremos", afirmou também, sem adiantar pormenores. Belmiro Azevedo prevê ainda que o custo final do novo Aeroporto Sá Carneiro vai chegar aos "500 milhões de euros", bem mais do que os "60 milhões" inicialmente anunciados.
Aos jornalistas que o interpelaram no final da sua intervenção nas Jornadas Administrativas da Saúde, o empresário reafirmou a sua tese sobre as parcerias: "Não são claras", reforçou.
Uma coisa está clara no seu pensamento: "O aeroporto deve ser para concorrer no sistema de baixar preços, independentemente de nós ganharmos ou não".
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Sáb Abr 19, 2008 10:20 am