Líder do Hamas nega disposição de reconher Israel
Líder do Hamas em entrevista em Damasco
Khaled Meshaal afirmou que o Hamas está preparado para oferecer uma trégua de dez anos
O líder político do Hamas, Khaled Meshaal, disse nesta segunda-feira que o grupo palestino não está disposto a reconhecer a existência de Israel – ao contrário do sugerido pelo ex-presidente americano Jimmy Carter.
"Aceitamos um Estado iniciado a partir das fronteiras de 4 de junho (de 1967), junto com outros direitos que pedimos, mas sem reconhecer Israel."
"Oferecemos uma trégua de dez anos depois da retirada de Israel para as fronteiras de 4 de junho de 1967 como uma alternativa ao reconhecimento. Esta é, claramente, a visão do Hamas", afirmou.
As "fronteiras de 4 de junho" são anteriores à Guerra dos Seis Dias, em que Israel tomou a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e as Colinas do Golã.
Carter afirmara, ainda nesta segunda-feira, que o Hamas estaria preparado a aceitar o direito de Israel "viver em paz como um vizinho de porta".
O ex-presidente havia se reunido com líderes do Hamas, incluindo Meshaal, na semana passada.
Jerusalém
Falando na Síria, onde vive exilado, Meshaal afirmou que o Estado palestino deve ter "Jerusalém como sua capital, com soberania verdadeira, sem assentamentos".
Os Estados Unidos afirmaram que a oferta de trégua de 10 anos de Meshaal não significam uma mudança de opinião do Hamas.
Segundo a porta-voz da Casa Branca Dana Perino, "ações falam mais alto do que palavras".
Israel, os Estados Unidos e a União Européia consideram o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, uma organização terrorista.
O estatuto do Hamas prega a destruição de Israel e a criação de um Estado islâmico no que hoje é Israel, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.
Carter, que está em Jerusalém nesta segunda-feira, foi criticado pelos Estados Unidos e por Israel por visitar Damasco, a capital da Síria, para se encontrar com o líder político do Hamas, Khaled Meshaal, na semana passada.
"O problema não é que eu me encontrei com o Hamas na Síria. O problema é que Israel e os Estados Unidos se recusam a se encontrar com alguém que precisa estar envolvido (nas negociações)", disse Carter em discurso no Conselho Israelense para Relações Exteriores.