Reformas no Conselho de Segurança da ONU
Laura Trevelyan
Correspondente da BBC nas Nações Unidas
O Conselho de Segurança das Nações Unidas
Os cinco membros permanentes não querem perder privilégios
Porque razão é que as nações vencedoras da Segunda Guerra Mundial continuam a ser as detentoras dos prestigiosos lugares permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas?
Trata-se de uma pergunta feita, com crescente frequência, pelas novas potências emergentes e que o Conselho de Segurança continua sem conseguir responder de forma adequada.
Desde o nascimento das Nações Unidas, na cidade norte-americana de San Francisco em 26 de Junho de 1945, que os vencedores da Segunda Guerra Mundial exercem a maior influência.
A Rússia, a China, a França, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos da América são os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
Estes países não só têm o direito de levar a cabo debates sobre guerra e sobre paz como também podem vetar quaisquer decisões.
"É tempo de mudarmos isso", diz o embaixador da Tanzânia das Nações Unidas, Augustine Mahiga
"Dois terços da agenda do Conselho de Segurança são sobre África. As decisões mais importantes que são tomadas pelos membros permanentes do Conselho de Segurança são sobre África, mas África não está representada. É injusto e pouco razoável que África não participe nesse processo."
Está-se à procura de uma solução para este problema.
Cocktails & canapés
O embaixador italiano nas Nações Unidas, Marcelo Spatafora, organizou recentemente na sua residência oficial, no distrito de Manhattan, no centro de Nova Iorque, uma série de banquetes para diplomatas dos diferentes países envolvidos na polémica.
Forças da ONU na Libéria
A maior parte das decisões do Conselho são sobre África
A ideia é encontrar um acordo sobre como avançar com as reformas no Conselho de Segurança. Spatafora diz que transpirou muita coisa por entre os cocktais e canapés.
"Podemos fazer uma reforma centrada em assentos regionais. Isso seria muito menos divisivo do que uma reforma centrada em assentos nacionais - algo que provocaria ciúmes e rivalidades nacionais."
A poucos quilómetros da residência do embaixador italiano está em curso um esforço rival, liderado pelo embaixador da Alemanha, Thomas Matussek.
Ele diz que, como se gastaram muitos anos a discutir esta questão sem que se tivesse chegado a qualquer conclusão, é altura de se avançar para uma solução temporária.
"Acreditamos que se pode encontrar um compromisso, uma solução interina, e depois ver-se se funciona ou não antes de decidirmos o que queremos fazer no futuro."
Mudanças
Suzanne DiMaggio, da Sociedade Asiática, é uma observadora veterana das políticas de reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A sede da ONU em Nova Iorque
A composição do Conselho de Segurança preocupa a ONU
Ela diz que o que fez fracassar todos os esforços anteriores foram os desentendimentos não sobre a necessidade de mudanças mas sobre quem deve beneficiar com essas mudanças.
"Se, por exemplo, a Alemanha conseguir um assento permanente, a Itália vai opôr-se a isso porque senão teríamos dois derrotados da Segunda Guerra Mundial - o Japão e a Alemanha - com assentos permanentes no Conselho de Segurança e a Itália ficaria de fora.
"E depois, no caso da Índia, teríamos reclamações do Paquistão. Portanto, o que temos aqui são rivalidades regionais."
Posto isto, como será possível que se chegue a acordo sobre que nações devem ter representação permanente no Conselho de Segurança?
Fontes diplomáticas dizem que a solução mais viável é a criação de membros a longo prazo de África, da Ásia, da América Latina e da Europa.
Contudo, esses membros não teriam poderes para vetar quaisquer decisões.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas não pode continuar a reflectir o mundo tal como este era logo a seguir ao fim da Segunda Guerra Mundial.
Todos concordam nisso, mas diplomatas dizem que não haverá qualquer decisão final antes de Novembro - que é quando se realiza a eleição presidencial nos Estados Unidos da América.