O PECADO DE GIULIANI
Manuel Queiroz
jornalista
Os jornais mais populares de Nova Iorque dão grande destaque às afirmações do cardeal William Egan, de Nova Iorque, que no seu site "lamenta profundamente" que Rudy Giuliani, antigo mayor de Nova Iorque e ex-candidato presidencial republicano, tenha comungado numa missa durante a recente visita do Papa aos EUA, até porque, revela o prelado, "quebrou uma longa promessa que me tinha feito". A promessa tinha sido feita há sete anos numa conversa e era de não comungar por ser pró-escolha, ou seja, defender o aborto legal (os que são contra são pró-vida, no politiquês americano).
"Guerra santa", é o título, nada exagerado, do New York Daily News. O Newsday põe na capa "Que indecente!", jogando com o nome de Giuliani (How rude!). O AM fala do "Pecado capital de Rudy".
As afirmações do cardeal aparecem no dia seguinte a uma coluna de Robert Novak, no The Washington Post, em que este notava como os chefes da igreja de Nova Iorque e Washington não estavam para ter problemas com gente importante que não seguia à risca a doutrina do próprio Papa, ao contrário de outros bispos, que recusavam mesmo a comunhão. É que, na visita de Bento XVI, também os senadores democratas Nacy Pelosi, John Kerry e Edward Kennedy tinham comungado, eles que também são pró-escolha. Para Novak, o caso de Giuliani é pior porque só raramente vai à missa e por se ter casado pela terceira vez sem ter sido anulado pela Igreja o casamento anterior.
Na revista National Catholic Weekly já há resposta a Novak - e até a Egan. "O Papa não mostrou desejos de fazer do altar uma fronteira das guerras da cultura. Não mudou nenhum bispo por estar de um lado ou do outro do debate. E Bento XVI percebe, ao contrário de muitos conservadores, que simplesmente negar a comunhão a políticos pró-escolha dificilmente fará avançar a causa pró-vida. Os primeiros americanos elevados ao cardinalato por Bento XVI, Levada e O'Malley, também se recusaram a juntar-se à guerra cultural conservadora do altar", diz Michael Sean Winter. |