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 O declínio da imprensa tradicional ....no Sol ...JAS

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Vitor mango

Vitor mango


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MensagemAssunto: O declínio da imprensa tradicional ....no Sol ...JAS   O declínio da imprensa tradicional ....no Sol ...JAS EmptyDom Nov 18, 2007 11:37 am

O declínio da imprensa tradicional


No
dia 4 de Novembro, os espanhóis que afluíram às bancas dos jornais
foram surpreendidos por um facto nunca visto em mais de 150 anos de
imprensa regular: as primeiras páginas de dois grandes diários – o El
País e o El Mundo – eram exactamente iguais.
Eram iguais quer no
layout (a mancha gráfica) quer na escolha das notícias. Tinham ambas
três chamadas ao interior por baixo do logótipo; a fotografia principal
era a mesma (sobre os confrontos no Paquistão), com a mesma dimensão (a
três colunas) e a mesma localização na página (em cima, à direita); o
título principal estava no mesmo sítio (em cima, à esquerda), tinha o
mesmo número de colunas (duas) e de linhas (quatro), e versava sobre o
mesmo tema (um diferendo entre Espanha e Marrocos); o título secundário
(sobre Musharraf) idem, idem; a notícia da parte de baixo da página era
a única que diferia no número de colunas mas era dedicada ao mesmo
assunto (o atentado de 11 de Março).
Por várias vezes sucede a Time
e a Newsweek terem a mesma capa. Mas a situação é completamente
diferente: são revistas semanais, a capa só contém um tema, e, sendo
certo que em determinadas semanas há um assunto que domina claramente a
actualidade, a semelhança é natural.
Mas é insólito que duas
primeiras páginas de jornal – que têm muitos elementos, entre títulos,
notícias e fotografias, permitindo por isso inúmeras possibilidades de
combinação – sejam iguais.
Pensarão alguns que se tratou de uma
tremenda coincidência. Não foi só isso, porém: o fenómeno pôde
acontecer em consequência de um vírus que ameaça todo o Globo – o vírus
da indiferenciação.
Esse vírus provoca o esbatimento das diferenças, levando a que tudo seja padronizado, igualizado, uniformizado.
E
aqui tem papel activo uma classe profissional que se desenvolveu
vertiginosamente nos últimos dez anos: a classe dos consultores. No
sector dos media, quase todos os grupos actualmente os contratam –
chegando algumas empresas de consultadoria a trabalhar simultaneamente
para diferentes meios de comunicação dentro do mesmo país e, muitas
vezes, para diferentes meios em diferentes países. Teoricamente, este
fenómeno é bom – porque os consultores têm experiência, acompanham o
que se faz em vários locais do mundo, podendo representar para quem os
contrata uma mais-valia, uma modernização.
Analisemos, porém, alguns exemplos que conheço.
O
Diário de Notícias contratou há cerca de 15 anos os serviços do guru
cubano (a viver nos EUA), de reputação mundial, Mario Garcia, para
fazer uma reformulação gráfica. Pois bem: o DN desde aí não parou de
descer, vendendo hoje cerca de metade do que vendia nessa altura. N’A
Capital também esteve uma equipa de consultores, da reputada
Innovation. Pois bem: A Capital entrou a seguir em declínio acelerado,
vindo a fechar. Na SIC esteve a mesma empresa; nessa altura a SIC era
líder de mercado – e hoje é terceira. Pelo Correio da Manhã passou
igualmente uma empresa de consultadoria; julgo que não a querem voltar
a ver lá. O Público fez há meses uma enorme reformulação, editorial e
gráfica, da responsabilidade de reputados designers ingleses. Pois o
Público está a vender menos cerca de três mil exemplares do que há um
ano, apesar da enorme e dispendiosa campanha publicitária que levou a
cabo. E com o Expresso sucede o mesmo: após uma profunda remodelação
executada por consultores estrangeiros, que mudou por completo o
visual, está a vender menos do que no ano passado, mesmo com sucessivas
ofertas de DVD.
Resta dizer que estas intervenções dos
consultores, que têm contribuído para baixar as vendas, custam centenas
de milhares de euros.
Como perceber este aparente paradoxo, esta atracção suicida pela contratação de consultores?
O
segredo dos consultores é apresentarem-se como profetas da desgraça.
Invocando a sua experiência, dizem, como quem faz uma profecia: no
mundo dos media vai acontecer isto e aquilo, e se você não mudar está
liquidado. E somos nós quem o podemos ajudar nessa mudança.
Perante isto, o empresário assusta-se.
É
como se o médico dissesse ao doente: se você não fizer esta operação,
está condenado. O doente, mesmo que não se sinta muito mal, fica em
pânico – e acaba por se entregar nas mãos do médico. E, se morrer, o
médico dirá: ele não tinha salvação. E se passar a sentir-se pior, o
médico argumentará: se não tivesse sido operado, tinha morrido. E quem
poderá provar o contrário? A vida tem destas coisas: nunca se pode
fazer a contraprova, porque não é possível voltar atrás.
Sobre os consultores, contava-se há tempos uma saborosa anedota.
Um jipe parou no meio do campo, saindo de lá um indivíduo todo despachado que perguntou a um pastor:
– Ouça lá, se eu conseguir adivinhar o número de ovelhas que tem o seu rebanho, você dá-me uma ovelha?
O pastor concordou. O indivíduo fez então umas contas numa calculadora e disparou:
– Tem 262 ovelhas.
– Acertou! – disse o pastor, espantado.
O indivíduo foi buscar a ovelha e preparava-se para entrar no jipe, mas o pastor fez-lhe sinal para parar:
– Olhe lá, se eu acertar na sua profissão você devolve-me a ovelha?
O outro assentiu, e o pastor atirou:
– Você é consultor.
– Também acertou! – disse agora o intruso, impressionado. – Mas como é que adivinhou?
Respondeu o pastor:
– Olhe, porque veio de jipe, entrou aqui sem ninguém o chamar e em vez de ir buscar uma ovelha trouxe o cão do rebanho.
Esta
história tem a seguinte moral: os consultores estão bem apetrechados,
têm muita informação, mas conhecem muitas vezes mal a realidade sobre a
qual intervêm. E, assim sendo, tendem a usar as mesmas regras, as
mesmas normas, as mesmas receitas em toda a parte.
Por via disto,
é possível encontrar hoje um jornal na Venezuela ou na Colômbia igual a
outro em Portugal ou na Áustria. O que representa um erro. Porque, para
lá de ser um empobrecimento, vai ao arrepio das culturas locais e dos
respectivos mercados.
Historicamente, os jornais italianos
(alegres, com muitos destaques, muitos subtítulos) são muito diferentes
dos alemães (densos, com longos textos); e os alemães são diferentes
dos ingleses (divididos entre tablóides agressivos e ruidosos, e
broadsheets clássicos e elegantes); e os ingleses são diferentes dos
franceses (que se aproximam dos alemães, embora menos densos); e os
franceses são diferentes dos espanhóis (mais nervosos, com mais imagens
e textos mais curtos); e assim por diante.
A uniformização
dos jornais tende a matar estas diferenças; ora a sobrevivência da
imprensa passa exactamente pela atitude contrária. O futuro da imprensa
passa pela diferenciação e não pela uniformização. Quando os jornais se
aproximam uns dos outros, o apetite de comprar o jornal diminui. Quando
o jornalismo é tão previsível que duas primeiras páginas de jornais
diferentes são iguais, a imprensa perde todo o appeal. Um jornal deve
ser novidade, imprevisto, e não um caldo requentado.
Um dia, ouvi da
boca de Juan António Giner, presidente da Innovation, uma frase que não
esqueci (como se vê, não digo só mal dos consultores): o bom jornalismo
é aquele que «surpreende, emociona e faz pensar».
O problema das
empresas de consultadoria é que o seu trabalho produz muitas vezes o
efeito oposto: ao fazerem layouts iguais para jornais aqui, nos EUA ou
no Brasil, ao proporem organizações iguais aqui, nos EUA ou no Brasil,
ao sugerirem soluções iguais aqui, nos EUA ou no Brasil, estão a
contribuir para que os jornais se uniformizem, se indiferenciem e não
surpreendam ninguém.
Aos jornalistas, eu recomendo o contrário:
alegria, imaginação, criatividade e gosto pela diferença. Só esta
atitude por parte dos profissionais da comunicação revigorará o
jornalismo escrito, travando o declínio da imprensa.
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MensagemAssunto: Re: O declínio da imprensa tradicional ....no Sol ...JAS   O declínio da imprensa tradicional ....no Sol ...JAS EmptySeg Nov 19, 2007 11:51 am

Com a INTERNETI, QUEM PRECISA DE jornais?
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Vitor mango

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MensagemAssunto: Re: O declínio da imprensa tradicional ....no Sol ...JAS   O declínio da imprensa tradicional ....no Sol ...JAS EmptySeg Nov 19, 2007 12:06 pm

O PALERMA escreveu:
Com a INTERNETI, QUEM PRECISA DE jornais?


ola ...UM VAGA NOVO
Seja bem vindo
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MensagemAssunto: Re: O declínio da imprensa tradicional ....no Sol ...JAS   O declínio da imprensa tradicional ....no Sol ...JAS EmptySeg Nov 19, 2007 12:18 pm

eU XOU aLENTIJANI!!! Viva o PCP!!!
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Vitor mango

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MensagemAssunto: Re: O declínio da imprensa tradicional ....no Sol ...JAS   O declínio da imprensa tradicional ....no Sol ...JAS EmptySeg Nov 19, 2007 3:07 pm

O PALERMA escreveu:
eU XOU aLENTIJANI!!! Viva o PCP!!!


marca de tintou ou branco ?
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MensagemAssunto: Re: O declínio da imprensa tradicional ....no Sol ...JAS   O declínio da imprensa tradicional ....no Sol ...JAS EmptyTer Nov 20, 2007 10:36 am

Eu xou TINTO. PORCO, queijinho. Bom pao!!! E dormiri depois de comeri!!!
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