Um partido gerido como uma empresa
Direcção do PSD abre concurso para assessores
A modernização no PSD passa por uma reestruturação organizativa e funcional do partido, de modo a que este tenha condições de elaborar propostas para a governação da sociedade com base em estudos de qualidade e em informações actuais.
Para isso, o PSD tem de deixar de viver do voluntarismo e do amor à camisola dos militantes e profissionalizar-se, passando a funcionar como uma empresa, como fazem os grandes partidos europeus.
Esta é a convicção da nova direcção do PSD, para quem a actual situação tem de ser alterada a curto prazo. Para isso, o novo presidente vai apresentar em breve ao conselho nacional um plano de acção e um conjunto de medidas.
Dando início à profissionalização do partido, vai ser aberto um concurso, ao qual só podem concorrer militantes, para seleccionar assessores para a comissão política do partido.
Estes gabinetes funcionarão por áreas e trabalharão articulados com os assessores do grupo parlamentar, coordenados por um vice-presidente da bancada, um vogal da comissão política e um vice-presidente do partido como responsável máximo.
O objectivo é alterar uma situação em que há uma estrutura dirigente, eleita regularmente pela base, e o voluntarismo dos militantes. No meio há o vazio.
Um dirigente ouvido pelo PÚBLICO defendeu mesmo que “um partido tem de ter uma administração, que é a direcção, mas tem de ter também o equivalente a directores-gerais, e no PSD o que há é o presidente e o vazio”.
Até 1985, o PSD cresceu por força do combate pela democracia, tornou-se um partido de massas de onde se destacava uma elite organizada. Foi essa elite, que era o aparelho do PSD, que integrou os governos de Cavaco Silva.
Durante o consulado Cavaco, o PSD instalou-se no aparelho de Estado tal como o PS fez noutros períodos. O partido viveu para o Estado e adormeceu. Em 1995, era preciso reconstruir o partido, mas isso não se fez e as elites ainda são as do cavaquismo.
O mesmo dirigente afirma ainda que “um partido moderno é uma empresa no mercado eleitoral, tem de ter uma organização moderna, não pode ser só umas bocas”.
Para isso, “tem de ter uma super-estrutura eleita que fala com os jornais, que dá a cara institucionalmente, que contacta a sociedade civil, mas depois tem que ter uma super-estrutura técnica, pivots que façam a ligação com as universidades”.
A função das sedesA mudança da organização do PSD passará também pelo redesenho da função das sedes do partido. A ideia é a de que as sedes se abrem só para as campanhas eleitorais, pelo que é necessário torná-las úteis ao cidadão. Assim, o cidadão poderá ir a uma sede do PSD saber como concorre à universidade ou como paga os impostos e recebe também a informação do que o partido pensa sobre o assunto.
É neste contexto que a nova direcção do PSD põe a hipótese de vender sedes, incluindo a sede nacional na Rua de São Caetano à Lapa, em Lisboa. O objectivo é ter edifícios funcionais para as novas necessidades.
A venda de parte do património imobiliário do PSD prende-se também com a necessidade de financiamento da modernização do partido. A este nível, as mudanças poderão passar pela introdução de quotas diferenciadas, em que os militantes de mais posses paguem mais.
Público
... Estão abertas as inscrições para ... "o tacho" !!!!