Jornalista português em documentário iraniano
Desde 1997, cobriu todas as guerras que se travaram no planeta, e chegou a ser preso no deserto iraquiano por soldados norte-americanos, que o "agrediram e humilharam" durante 72 horas.
Luís Castro, repórter da RTP, é o protagonista de um dos programas de "Em nome de Alá", a série documental que a televisão iraniana Press TV está a fazer sobre os repórteres que cobriram o conflito no Iraque em 2003.
"Ligaram-me de Teerão", disse o jornalista ao DN, "e queriam saber aquilo por que passei no Iraque, a visão que trouxe de lá, de que forma é que eu vi a evolução da situação".
"Andámos durante a manhã de sexta pela Baixa com duas câmaras, o que me deixou envergonhado, e ontem [sábado] falámos na RTP", confessou Luís Castro.
A história da detenção do jornalista e de Vítor Silva, o seu colega e repórter de imagem, por soldados norte-americanos, descrita no seu livro Repórter de Guerra , também foi motivo de interesse. Mas não só.
"É um documentário que começa por ser intimista, e que depois caminha para a parte profissional", disse Luís Castro, "também quiseram saber se sou casado, se tenho filhos".
Tem dois, e uma mulher que "lhe dá a retaguarda sustentada", e que lhe permite partir à aventura. "Quando lá estou, reposiciono-me nos valores da vida, e percebo que não tenho problemas", confessa Luís Castro. Talvez seja como lhe costumavam dizer. Talvez "precise de ir à guerra para encontrar a minha paz".
É "a oportunidade de estar onde se faz história" que o motiva, o "ser testemunha activa desses momentos", diz o repórter. "É a densidade da vida humana, os extremos, testas-te e ultrapassas-te como ser humano".
"Qual é o próximo buraco em que nos vamos encontrar?" É assim que Luís Castro se despede do resto da "tribo" de jornalistas de guerra, com quem partilha e conhece essa realidade, sem filtros nem desfoques.
DN (17-09-2007)