UE/Sudeste asiático
Barroso desafia Indonésia a liderar integração regional semelhante à europeia
A Indonésia, «segunda maior democracia da Ásia», deve liderar um processo de integração regional semelhante ao europeu, defendeu hoje, em Jacarta, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso A relação entre a União Europeia (UE) e a Indonésia foi considerada «de importância crucial» por Durão Barroso, que iniciou em Jacarta um périplo de visitas oficiais a nações do Sudeste Asiático.
«O desafio da população do Sudeste Asiático é expandir a paz, prosperidade e liberdade, que já vemos em parte da região, a todos os países» nesta área, defendeu o presidente do executivo da UE.
«Comprometemo-nos a aprofundar a nossa parceria com a ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático), através do nosso novo plano» conjunto, salientou.
«Olhamos para a Indonésia, o maior país e a maior economia da região, para desempenhar um papel de liderança em todos os esforços para promover maior integração regional» , declarou o ex-primeiro-ministro português.
A UE espera também «determinação e ambição» da Indonésia, e de outros parceiros regionais, na próxima Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, que terá lugar no início de Dezembro, em Bali.
O presidente da Comissão Europeia, que falava no Instituto Indonésio de Relações Internacionais, em Jacarta, abordou ainda os desafios da globalização.
«Acredito que o nosso modelo da União Europeia tem algo a oferecer à Ásia» , afirmou Durão Barroso.
«Precisamos de soluções colectivas. E medidas colectivas exigem parceiros negociais credíveis de ambos os lados, o que não é fácil quando os Estados operam em separado e à distância» , acrescentou o presidente da Comissão Europeia.
Durão Barroso referiu os indicadores de uma relação cada vez mais estreita entre a UE e o continente asiático.
«A Ásia ultrapassou recentemente a América como o maior parceiro comercial da UE, sendo responsável por um terço do total das nossas trocas comerciais» , indicou Barroso.
A China, por si só, é o segundo maior parceiro comercial europeu, depois dos EUA, recordou.
O discurso no Instituto Indonésio de Relações Internacionais serviu a Durão Barroso para explicar em detalhe a sua perspectiva da globalização e do lugar da UE nesse processo.
«Quero uma UE aberta, que expanda a sua determinação pela mudança para além das suas fronteiras» , explicou Durão Barroso.
«O ímpeto de reforma deve vir de dentro e não ser imposto de fora» , frisou o presidente da Comissão.
Durão Barroso agradeceu, por outro lado, os esforços da Indonésia em encontrar uma solução para a situação na Birmânia.
O presidente da Comissão Europeia referiu que, «em menos de 10 anos, a Indonésia percorreu uma distância surpreendente: das ruínas da crise financeira asiática e da queda de um regime autoritário para uma democracia vibrante com um crescimento económico sólido».
Barroso participou quinta-feira, juntamente com o primeiro-ministro português e presidente em exercício do Conselho de líderes dos 27, José Sócrates, na Cimeira UE/ASEAN, em Singapura.
No sábado, o presidente da Comissão de Bruxelas visita oficialmente Timor-Leste, onde tem previstos encontros com o presidente José Ramos-Horta, o primeiro-ministro Xanana Gusmão e o líder do principal partido da oposição e ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri, da Fretilin, assim como uma visita ao Parlamento, onde discursará.
Segundo fonte comunitária, Durão Barroso vai, nomeadamente, «encorajar» o processo democrático e realçar que Timor-leste pode contar com a continuação da ajuda e solidariedade europeias.
O dirigente europeu visita, na segunda-feira, o Vietname e, dois dias depois, quarta-feira, estará novamente ao lado de José Sócrates na Cimeira UE-China, em Pequim.
Sócrates e Barroso seguem depois para Nova Deli, onde decorrerá a Cimeira UE-Índia, na sexta-feira (30 de Novembro).
Lusa / SOL - 23-11-2007