Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.


 
InícioInício  ProcurarProcurar  Últimas imagensÚltimas imagens  RegistarRegistar  EntrarEntrar  

 

 A arte de construir violinos (Em Espinho)

Ir para baixo 
AutorMensagem
ypsi




Mensagens : 889
Data de inscrição : 15/09/2007

A arte de construir violinos (Em Espinho) Empty
MensagemAssunto: A arte de construir violinos (Em Espinho)   A arte de construir violinos (Em Espinho) EmptySex Nov 23, 2007 9:07 am

A arte de construir violinos


Gerações unidas pela mesma paixão.
Um ícone local cuja fama chega ao Japão e EUA

Joaquim e António Capela produção dos renomados violinos é integralmente feita numa pequena oficina em Anta, no concelho de Espinho


O jovem Tiago Capela ainda está bem longe de definir o seu futuro profissional, mas qualquer que seja a opção do adolescente de 13 anos a ligação dos Capelas à arte de construção de violinos já é histórica. São 78 anos de actividade ininterrupta, distribuídos por três gerações, agora narrados pelo jornalista Luís Costa num livro que vai apresentado hoje em Espinho.

Exemplos similares de famílias que se entregam há mais do que duas gerações a uma arte cujas origens remontam ao início do século XVI não abundam em todo o mundo, o que enche de orgulho António e Joaquim António Capela, que prosseguiram "com naturalidade" a ligação de Domingos Capela a uma área na qual, como refere o actual patriarca, "o mínimo descuido pode ser a morte do artista".

Segredos para explicar a longevidade não existem, mas há uma regra de ouro, explica Joaquim António . "Se não há vontade é inútil insistir".

Hoje com 41 anos, o artesão pode ter crescido entre os violinos, mas garante que "nada foi imposto" e situa no "início da adolescência" o espoletar da paixão. O termo não é do inteiro agrado de António Capela, que prefere falar "em sentido de dever". "Quando estou atarefado ninguém me interrompe. Nem que o Presidente da República me venha bater à porta!", graceja.

Alargar horizontes

Separados por 35 anos, pai e filho convergem, além do profissionalismo a toda a prova, na similitude dos percursos. Se foram os respectivos progenitores que os introduziram no meio, ambos não abdicaram, porém, de breves experiências no estrangeiro que alargaram os seus horizontes profissionais. No caso de António Capela, a estadia só não se tornou permanente porque rejeitou algumas solicitações para trabalhar em prestigiadas casas nos Estados Unidos, França ou Itália. A palavra "arrependimento" não consta do seu léxico, apesar de o próprio reconhecer que "se tivesse aceite os convites, hoje seria um grande senhor nos Estados Unidos".

Também o seu filho teve ocasião de aperfeiçoar as suas capacidades através de um workshop feito em Cleveland, mas não chegou a equacionar a hipótese de lá permanecer "Os Estados Unidos são um óptimo país para conhecer. Trabalhar a tempo inteiro é que não", sentencia.

De Rostropovich a David Oistrach ou Yehudi Menuhin, passando pelos portugueses Gerardo Ribeiro e Aníbal Lima, alguns dos principais executantes mundiais não dispensaram os instrumentos concebidos há décadas com um labor inimaginável numa pequena oficina em Anta, no concelho de Espinho. Mais do que a minúcia empregue, António Capela atribui a preferência pelos violinos e violoncelos Capela a uma divisa segundo a qual "mais importante do que a componente comercial é o sentido de arte". A estratégia pode até não ser a mais rentável do ponto de vista comercial, só que as compensações que daí advêm a longo prazo são superiores. "Ou fabricamos instrumentos de qualidade para que sejam requeridos ou privilegiamos a rapidez e a qualidade ressente-se", justifica António Capela.

Enquanto o mais jovem elemento do clã não decide o seu futuro, a continuidade da actividade familiar parece assegurada para os próximos tempos, até porque António Capela, do alto dos seus 75 anos, garante que não quer sequer ouvir falar em reforma.

A arte de construir violinos
Gerações unidas pela mesma paixão

Luís Costa, autor de "Luthier Capela, de Espinho para o mundo" partilha com os mais afamados construtores de violinos portugueses não apenas o gosto musical mas também as raízes espinhenses. A semelhança, aliás, estende-se a quase toda a equipa envolvida na concepção e produção de um livro que vai ser apresentado hoje, às 17.30 horas, no Centro Multimeios, em Espinho.

"Os Capelas são um ícone local e, mesmo os que não sabem com exactidão em que consiste o seu trabalho, sabem que o seu nome chega a vários pontos do mundo", explica o jornalista.

A ideia de passar a livro a vida e obra dos artesãos nasceu das frequentes deslocações de Luís Costa ao ateliê de família, já que o filho mais velho, de 14 anos, é estudante de violino.

Apesar de percorrer as três gerações do clã envolvidas no mister, Luís Costa admite que é na figura de António Capela que se centra o essencial da obra, patrocinada pela edilidade local. Das centenas de horas mantidas à conversa com o homem que prosseguiu o legado de Domingos Capela, mas incutindo-lhe uma dimensão global, o jornalista retém a imagem de "um ser paradoxal". "É alguém que teve a ousadia de aprimorar a sua arte, ao conhecer novas realidades num período em que tal não era muito comum, mas, ao mesmo tempo, trata-se de um homem muito ligado às suas origens".

A dimensão do prestígio dos Capelas no meio musical surpreendeu Luís Costa, que destaca os mercados japonês e da Europa de Leste como aqueles onde o grau de reconhecimento do seu trabalho é mais elevado.

Tal visibilidade internacional poderia até ser superior, admite o autor de "Luthier Capela, de Espinho para o mundo", se o artesão tivesse aceite os múltiplos convites que lhe foram chegando ao longo dos anos, oriundos dos Estados Unidos, França ou Itália.

"A dimensão internacional dos Capelas é uma evidência e, em determinados aspectos, esta importância é até mais reconhecida no estrangeiro do que por cá", sublinha.

Se a perpetuação da actividade no seio da família é ainda uma incógnita, já a hipótese de a oficina vir a albergar uma futura casa-museu será apenas do agrado de Luís Costa quando o espaço deixar de ser o centro da actividade dos Capelas. "Tal como está é a melhor solução, porque acaba por ser um autêntico museu-vivo", defende Luís Costa.

Embora não tenha distribuição comercial - a Câmara de Espinho adquiriu a edição -, o livro pode ser adquirido hoje, na sessão de lançamento, ao preço unitário de 12 euros.


JN (23-11-2007)
Ir para o topo Ir para baixo
 
A arte de construir violinos (Em Espinho)
Ir para o topo 
Página 1 de 1
 Tópicos semelhantes
-
» A ARTE é arte quando se aplaude de pé
» arte ...vale a pena ver ARTE
» oh Boss ...Moçambique despeja arte
» Dizem que uma imagem vale por mil palavras, será?
» Médio Oriente precisa de líderes para construir a paz

Permissões neste sub-fórumNão podes responder a tópicos
 :: Artes & Letras-
Ir para: