O partido pode e deve aproveitar esta fase para se renovar, e não para se refundar.
De manhã, quando acordo, penso partido. À tarde, penso partido. E à noite penso partido. Quantos de nós tem esta prática rotineira? Quem é que de nós vive verdadeiramente o partido? A resposta é simples e todos diremos: tenho a minha vida pessoal e profissional que me impede de pensar partido durante todo o dia. Legítimo. Perfeitamente aceitável, mas não adequada à vida de um partido político que quer ser Poder. A nossa primeira preocupação é o nosso ganha – pão, o nosso trabalho, e a nossa vida particular. A semana é para trabalhar, e o fim-de-semana é para dedicar à família.
Este sedentarismo partidário que todos nós alimentámos teve como substrato o próprio Dr. Manuel Monteiro. Encarámo-lo como a estrela superstar da companhia e ele faz tudo. Não temos que nos preocupar. Temos quem pense partido o dia todo, e quem durma a pensar partido. Mas será isto suficiente? A resposta é simples e curta, é NÃO.
O partido tem sido encarado por todos nós como uma espécie de quinta, onde o feitor a trata e nós aparecemos à hora do banquete. Se estiver bom, ficámos mais um bocadinho, se estiver menos bom, levantam-se os esfomeados que, não sabendo cozinhar, exigem uma boa refeição. Não dá. Como se isso não fosse suficiente, ainda temos quem se considere melhor que ele. No entanto, não têm a coragem de o assumir frontalmente, bem pelo contrário, seguram-se, até ao limite das suas forças, à lapela do seu casaco e tentam, a todo custo, manter-se vivos politicamente aproveitando a boleia do hospedeiro, à boa maneira de um parasita. Será bom recordar que as terapêuticas são, por regra, anti – parasitárias e não anti – hospedeiro. Se há algo a ser eliminado é o parasita.
O partido pode e deve aproveitar esta fase para se renovar, e não para se refundar. Um partido para se refundar tem de se construir em novas bases. Não perceber esta impossibilidade é meter-se sozinho num moliceiro e apanhar moliço na serra da estrela. É o mesmo que dar um passo em frente em direcção ao abismo.
É minha convicção que a renovação da liderança do partido deve ser encabeçada por uma mulher, uma militante jovem e com ambições políticas. Alguém que possa trazer sangue novo, uma nova forma de acutilância política. Essa nova mentalidade não pode nem deve cortar com o nosso passado. Isso seria mais uma viagem de moliceiro. Deve isso sim manter as mesmas ideias políticas e a mesma seriedade.
Vila Nova de Famalicão, 18 de Setembro de 2007
Carlos Borges
Coordenador do PND/Braga
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