Al-Qaeda reivindica atentado
Segundo uma agência de notícias italiana, a Al-Qaeda reivindicou a autoria do atentado que matou Benazir Bhutto. O FBI e o Departamento de Segurança Norte-Americano confirmam.
10:29 | Sexta-feira, 28 de Dez de 2007
Al-Qaeda reivindica atentado A morte de Benazir Bhutto está a gerar uma onda de violência no Paquistão
Mian Khursheed/Reuters
A morte de Benazir Bhutto está a gerar uma onda de violência no Paquistão
A agência noticiosa italiana AKI anunciou esta madrugada que a organização terrorista Al-Qaeda reivindicou o atentado que matou quinta-feira a ex-primeira-ministra paquistanesa Benazir Bhutto.
O Governo paquistanês começou por dizer que desconhecia qualquer ligação da organização terrorista ao atentado. mas horas mais tarde adiantou que a morte de Benazir Bhutto está "quase de certeza" ligada à organização terrorista.
A CNN avançou que a possibilidade do atentado ser da autoria da Al-Qaeda consta de um documento do FBI e do Departamento de Segurança Norte-Americano.
Onda de violência
A onda de violência provocada pela morte da antiga primeira-ministra já matou pelo menos 14 pessoas. Dez pessoas morreram em tiroteios na cidade de Karachi, no Sul do país, onde activistas do Partido Popular do Paquistão (PPP), de Bhutto, incendiaram veículos e gasolineiras em várias zonas da cidade, de acordo com uma fonte policial citada pelas televisões locais.
Outras duas pessoas morreram na cidade oriental de Lahore, onde partidários de Bhutto também incendiaram lojas, autocarros e viaturas, de acordo com um chefe policial da região.
Na localidade de Tando Allahyar, situada na província de Sindh, no Sudeste do Paquistão, a polícia carregou contra uma manifestação e nos confrontos morreu um manifestante. Outro homem morreu num tiroteio no distrito de Khairpur, também em Sindh, segundo a polícia.
Os activistas do PPP reagiram à morte da sua líder atacando objectivos da Liga Muçulmana do Paquistão incendiando gasolineiras e veículos.
A polícia paquistanesa dispersou à bastonada e com gás lacrimogéneo mais de uma centena de manifestantes em Peshawar, no noroeste do país.
Sharif exige adiamento de eleições
O ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif, um dos principais líderes da oposição paquistanesa, afirmou esta sexta-feira que a manutenção da data das eleições legislativas, após o assassínio de Benazir Bhutto, conduziria à destruição do Paquistão.
Sharif, que voltou a pedir a demissão do presidente Pervez Musharraf, deu a entender que o assassínio de Benazir Bhutto é da responsabilidade do líder paquistanês, ao afirmar que o atentado de quinta-feira "prova" que o chefe de Estado não tem "qualquer intenção" de efectuar eleições "livres e equilibradas".
"Se o Governo continuar a manter a data das eleições de 8 de Janeiro, isso vai levar-nos ao caminho da autodestruição, que não acabará apenas na destruição do Governo mas também do próprio país", disse Nawaz Sharif aos jornalistas.
O responsável da oposição paquistanesa comentava declarações do primeiro-ministro interino, segundo as quais o Governo não tinha para já a intenção de adiar as eleições, acrescentando, contudo, qualquer decisão sobre o assunto seria objecto de consultas aos partidos políticos.
Entretanto, o Governo do Paquistão ordenou o encerramento por três dias dos bancos, escolas e comércio, na sequência dos actos de violência ocorridos depois do assassínio de Benazir Bhutto.
"Todas as instituições escolares públicas ou privadas, todas as sociedades e centros comerciais, todos os bancos do país devem ficar fechados por três dias com efeito imediato", anunciou o Ministério do Interior num comunicado.