Olmert prometeu a Abbas evitar crise humanitária em Gaza
O primeiro-ministro israelita, Ehud Olmert, prometeu hoje ao presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, que o bloqueio israelita não provocará uma «crise humanitária» em Gaza, informou fonte oficial israelita.
Num encontro em Jerusalém, os dois dignitários abordaram igualmente a situação na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egipto, aberta à força pelo movimento islamista Hamas que controla o território, o que permitiu à população escapar ao bloqueio israelita.
«Os dois líderes discutiram longamente sobre a situação em Gaza e chegaram a acordo para evitar uma crise humanitária», declarou aos jornalistas um responsável da presidência do Conselho de ministros israelita, David Baker, após a reunião de mais de duas horas.
Este encontro foi o primeiro entre Abbas e Olmert desde a visita de George W. Bush à região em meados de Janeiro, tendo o presidente dos Estados Unidos feito apelo a um acordo para a criação de um Estado palestiniano até ao fim deste ano.
A ministra dos Negócios Estrangeiros israelita, Tzipi Livni, e o chefe da equipa de negociadores palestinianos, Ahmad Qorei, que participaram no encontro, reuniram-se depois em separado para analisar questões de fundo do conflito israelo-palestiniano, segundo a fonte.
Esta entrevista entre Abbas e Olmert é igualmente a primeira desde o início do bloqueio da Faixa de Gaza por Israel, no passado dia 17, que levou centena de milhares de palestinianos a atravessar a fronteira com o Egipto para irem ali abastecer-se de produtos essenciais, designadamente comida e combustíveis.
O afluxo de gente da Faixa de Gaza ao Egipto entrou no quinto dia consecutivo, mas hoje em menor número.
Um dos principais negociadores palestinianos, Saeb Erakat, afirmara sábado que Mahmud Abbas tencionava pedir o levantamento do bloqueio israelita e propor que a Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) passe a assumir a responsabilidade das fronteiras da Faixa de Gaza.
No entanto, o destacamento de funcionários e polícias da ANP implicaria «luz verde» do Hamas, que rejeita qualquer acordo que exclua as suas forças ou implique o posicionamento de observadores internacionais em Rafah, principal ponto de passagem para o Egipto.
O ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio, Ahmed Abul Gheit, declarou hoje que as autoridades do Cairo «tomarão todas as medidas adequadas para controlar o mais depressa possível a fronteira egípcia com a Faixa de Gaza», sem fornecer detalhes.
O Egipto convidou para visita o presidente Mahmud Abbas, que é esperado quarta-feira no Cairo, assim como os responsáveis do Hamas para procurar um desfecho para a crise.
Milhares de palestinianos continuam a afluir ao Egipto mas o fluxo foi hoje mais reduzido em relação aos dias precedentes, que viram a passagem de centenas de milhares de pessoas.
As autoridades egípcias anunciaram sábado que a fronteira continuará aberta aos habitantes da Faixa de Gaza que ali vão abastecer-se, mas interditaram a passagem de mercadorias por camião.
Em Israel as autoridades comprometeram-se hoje junto do Tribunal Supremo a manter o abastecimento de combustíveis à Faixa de Gaza, após tê-lo interrompido durante vários dias no âmbito do bloqueio.
Os representantes do Estado comprometeram-se a restabelecer «o abastecimento de combustível à central eléctrica de Gaza a nível de 2,2 milhões de litros por semana», ou seja o nível de Novembro, informaram fontes judiciais.
Dez organizações israelitas e palestinianas de defesa dos direitos humanos tinham submetido um recurso ao Tribunal Supremo contra a redução dos fornecimentos de combustível, que classificaram como «uma punição colectiva que viola o direito internacional».
Diário Digital / Lusa
27-01-2008 16:27:00