Comissão de inquérito conclui que guerra no Líbano foi "grave fracasso" para Israel
30.01.2008 - 16h58 Agências
A guerra no Líbano, em Agosto de 2006, foi um “grande e grave fracasso” para o Estado israelita, conclui o relatório da comissão que investigou a actuação do Governo hebraico. Ainda assim, os investigadores consideram “razoável” a polémica decisão de lançar uma ofensiva terrestre pouco antes do final do conflito e que se revelaria desastrosa.
Na ofensiva desencadeada contra o Hezbollah foram detectadas “falhas graves ao mais alto nível da hierarquia política e militar”, lê-se no relatório apresentado hoje pelo juiz Eliahou Winograd, que presidiu à comissão de inquérito.
Segundo o magistrado, que falava numa conferência de imprensa em Jerusalém, as quatro semanas de conflito representaram um “um grande e grave fracasso” para Israel, incapaz de impor uma derrota clara à guerrilha xiita libanesa.
O relatório final das investigações era aguardado com grande expectativa pela classe política israelita, depois dos relatórios preliminares terem apontado falhas graves na actuação do Exército e do Governo chefiado por Ehud Olmert.
No entanto, o primeiro-ministro e os seus colaboradores são ilibados de uma das principais acusações, já que os investigadores concluíram que o envio de um grupo de 60 reservistas para o Líbano, a três dias do final do conflito, foi uma “decisão razoável”, baseada numa “avaliação honesta” dos interesses israelitas. Do grupo que atravessou a fronteira, 33 foram mortos pela guerrilha libanesa e o caso era apontado como emblemático dos erros cometidos pelas chefias políticas e militares durante o conflito.
“Estamos convencidos que tanto o primeiro-ministro como o [então] ministro da Defesa agiram com base numa forte e honesta avaliação e convicção do que, para eles, era necessário aos interesses de Israel”, declarou o magistrado, apesar de sublinhar que a operação “não atingiu os seus objectivos”.
Ainda antes de conhecido o teor do relatório, o primeiro-ministro tinha feito saber que não pretendia demitir-se e esta manhã obteve o apoio crucial de vários parceiros da coligação governamental. Já esta tarde, uma fonte do seu gabinete adiantava que Olmert tinha ficado “satisfeito” com as conclusões do relatório que acabava de receber.