Israel determina racionamento de energia em Gaza
Guila Flint
De Tel Aviv para BBC Brasil
Soldados israelentes na Faixa de Gaza
Israel fornece cerca de 70% do total de energia consumido em Gaza
O Ministério da Defesa de Israel determinou a diminuição da energia fornecida à Faixa de Gaza em 1 megawatt por semana a partir desta sexta feira.
A medida faz parte das sanções à população palestina em represália ao lançamento de foguetes contra o sul de Israel.
O ministro da Infra-Estrutura, Binyamin Ben Eliezer, afirmou que Israel cortou 5% de uma das dez linhas de energia à Faixa de Gaza que representam 1% do total de energia fornecido pelo país à região.
Israel fornece cerca de 120 megawatts por dia, 70% do total da energia consumida pela população palestina da Faixa de Gaza.
"Nenhum país pode tolerar que os consumidores atirem contra a usina elétrica que produz a energia que lhes é fornecida", disse Ben Eliezer, referindo-se a foguetes que militantes palestinos tentaram lançar contra a usina elétrica de Ashkelon.
Direitos humanos
A medida de Israel foi criticada por grupos de direitos humanos. A organização americana Human Rights Watch descreveu a decisão como "punição coletiva", e o grupo israelense Betselem afirmou que "Israel tem o direito de proteger seus cidadãos, mas deve agir de acordo com a lei humanitária internacional, e não punir os civis palestinos".
Em resposta às ONGs, o ministro Ben Eliezer disse que "as crianças israelenses em Sderot também têm direitos".
Em outubro, o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, já havia aprovado uma série de sanções contra a população de Gaza, entre elas o corte de energia.
Em janeiro, Israel interrompeu por dois dias o fornecimento de combustíveis que garantem o funcionamento da única usina de energia da região.
Desde que o Hamas tomou o controle da Faixa de Gaza, em junho, a população da região tem sofrido com cortes de luz.
Nos últimos meses, militantes palestinos da Faixa de Gaza lançaram em média 15 foguetes por dia contra o sul de Israel, principalmente contra a cidade de Sderot, que fica próxima à fronteira com o território palestino.
Um sistema de alarmes foi instalado na cidade e, cada vez que um foguete é lançado da Faixa de Gaza, as sirenes soam e levam a população a um estado de pânico.
Mais de 3 mil habitantes já abandonaram a cidade, e a população de Sderot exige que o governo garanta sua segurança e "resolva o problema de Gaza".
No entanto, apesar de ataques militares quase que diários contra os militantes palestinos, e das sanções impostas à população civil, os foguetes continuam sendo lançados.
Oposição
Nos últimos três dias, as tropas israelenses mataram 16 palestinos na Faixa de Gaza, e o bloqueio à passagem de mercadorias ainda é mantido.
No entanto, o número de foguetes lançados contra o sul de Israel aumentou para 22 nesta sexta feira.
O líder da oposição, Binyamin Netanyahu, do partido de direita Likud, exigiu que o governo endureça suas ações e "dê um golpe decisivo para parar os foguetes".
Netanyahu defende uma ampla operação militar que poderia levar à reocupação da Faixa de Gaza pelas tropas israelenses.
O presidente palestino Mahmoud Abbas condenou o lançamento de foguetes contra civis israelenses e afirmou que eles "só servem para dar pretextos aos ataques de Israel".
Abbas também condenou as ações militares de Israel na Faixa de Gaza, que descreveu como "massacres".
Sem trégua
O presidente palestino propôs negociar um "cessar-fogo recíproco". Com o acordo, Israel pararia os ataques à Faixa de Gaza, e os militantes palestinos parariam de lançar foguetes contra Israel.
Tanto Israel quanto o Hamas rejeitaram a proposta do líder palestino.
O Hamas afirmou que "Abbas não tem legitimidade para negociar em nome dos palestinos".
Já os ministros israelenses rejeitaram a idéia de um cessar-fogo com o Hamas.
O ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, declarou que "enquanto os foguetes continuarem, Israel vai intensificar mais e mais os golpes contra os palestinos, até que o problema seja resolvido".
O ministro do Interior, Meir Shitrit, se opôs ao cessar-fogo com o Hamas e afirmou que o grupo palestino "certamente aproveitaria a trégua para se armar e se fortalecer ainda mais".
"Com os palestinos de Gaza, devemos falar em árabe, e não em inglês", disse Shitrit. "Eles só entendem a linguagem da força.