Lucas Mendes: A leveza de Obama é irresistível?
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Barack Obama deve assumir a liderança nesta terça-feira |
Com
cinco vitórias no fim- de-semana - Louisiana, Nebrasca, Washington,
Maine e Ilhas Virgens - e mais três previstas nesta terça-feira
(Virginia, Maryland e Washington D.C.), Barack Obama parece imbatível,
mas ele ainda não conseguiu quebrar o padrão demográfico nem conquistar
grandes Estados, com exceção do próprio Illinois com grande vantagem e
do Missouri, com uma margem mínima. Ele ganha entre negros, homens, estudantes, ricos, mulheres educadas e é um campeão de caucus - 8 a 1- mas há três grandes
Estados pela frente com primárias - Texas, Ohio e Pensilvânia.
Em
primárias, Hillary é campeã com o voto da maioria das mulheres e dos
latinos e, numa expressão maldosa dos críticos, ela é a candidata 50/50
porque atrai eleitores com mais de cinqüenta anos e menos de cinqüenta
mil dólares por ano. Ela apostou nas primárias de grandes Estados, mas
não consegue atrair novos eleitores e gente nova.
Obama
ganha nos caucus não é só porque ele é o candidato inspirado, mas
porque se armou em estados menores com voluntários jovens nas pequenas
cidades e nos Estados onde Hillary investiu menos tempo, dinheiro e
assumiu demais, como o Maine.
Obama ganhou
entre outros, nos caucus de Idaho e na Dakota do Norte, dois estados
que jamais votarão num democrata para presidência, em especial em um
negro.
Os caucus
permitem distorções maiores nos resultados e o candidato precisa de um
número menor de votos para conquistar delegados.
Em Kansas por exemplo, o mais "vermelho" dos estados "vermelhos", Mike Huckabee ganhou com apenas 11 mil votos, pouco mais
de 1% do total de republicanos registrados.
McCain e os outros 3 candidatos receberam menos de 8 mil votos. Dos 790 mil eleitores registrados, 770 mil não saíram de casa
para votar nos "caucus".
Entre os democratas, com 472 mil eleitores registrados, Obama ganhou com apenas 27 mil votos, pouco mais de 5% dos votos.
O
resultado mostra maior entusiasmo entre democratas pelos seus
candidatos do que republicanos, mas mostra também uma indiferença
política em alguns Estados onde os republicanos sempre ganham em
novembro.
Com os
resultados desta terça, Barack Obama deve assumir a liderança em número
de delegados, mas a margem não será grande nem definitiva e até porque
não há uma contagem oficial clara. E apesar das pesquisas favoráveis a
ele, pode haver um erro nas previsões.
Entre os republicanos a marcha de McCain parece irreversível.
Matematicamente as chances de Huckabee são impossíveis, mas o ex-pastor e ex-governador acha que o senador pode cometer algum
pecado mortal nos próximos dias e se tornar vulnerável.
Entre
os gurus republicanos há divisões sobre quem seria o democrata mais
fraco na eleição nacional. Karl Rove, o "arquiteto" das vitórias de
George W. Bush e agora comentarista da rede Fox, acha que Hillary é
mais fraca porque "todos sabemos quem é ela. Obama é um mistério".
Pat Buchanan
trabalhou nos governos Nixon, Ford e Reagan, disputou a Presidência
como independente pelo Reform Party e tentou duas vezes ser o candidato
republicano. Hoje ele é um colunista sindicalizado e comentarista de
televisão num programa semelhante ao Manhattan Connection.
Buchanan
acha muito mais fácil vencer Barack Obama: “Barack perdeu uma eleição
estadual há oito anos, tem um currículo sem importância no Senado e é o
campeão do país em votos liberais no Congresso. Um prato feito para os
republicanos”.
Obama seria um peso leve para McCain.