A economia europeia pode estar as colher as recompensas da aversão ao risco
Com os Estados Unidos da América na iminência de uma recessão, depois do fim do ‘boom’ do sector imobiliário, o crescimento económico nos quinze países que partilham o euro deverá ultrapassar a economia norte-americana pelo segundo ano consecutivo.
Mafalda Aguilar - DE
O desempenho económico do Eurogrupo deverá permitir a Jean-Claude Trichet, que preside hoje à habitual reunião mensal do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE) para avaliar a política monetária da Zona Euro, focar-se no combate à inflação em vez de cortar as taxas de juro. O facto de os europeus terem poupado mais do que os norte-americanos e sido menos extravagantes na compra de casas e acções permite que o Velho Continente esteja melhor preparado para resistir à crise global do mercado de crédito sem necessidade de juros mais baixos.
“Ser poupado é uma coisa boa e definitivamente uma mais-valia para a economia europeia neste período difícil. A atitude em relação à divida e ao crédito é muito diferente entre os EUA e a Europa”, comentou à Bloomberg Jean-Michel Six, economista chefe da Standard & Poor's, em Londres.
Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a expansão económica dos EUA irá abrandar para 1,5% este ano, depois de ter crescido 2,2% em 2007. Já economia da Zona Euro deverá crescer 1,6% este ano, seguindo-se a uma expansão de 2,6% no ano passado.
Face aos dados económicos actuais, Trichet, deverá deixar hoje as taxas de juro inalteradas em 4%, apesar da pressão que alguns ministros das Finanças dos países do euro têm vindo a fazer no sentido oposto. Os economistas esperam ainda uma revisão em baixa das previsões de crescimento para 1,8% e em alta para a inflação, que se manteve no máximo histórico de 3,2% em Fevereiro, um valor bem acima da meta de 2% estabelecida pelo BCE.
No seu discurso após a reunião de hoje, o presidente do BCE deverá continuar a sublinhar os riscos inflacionistas.