Elogios a líder madeirense cria polémica entre socialistas
Ana Gomes diz que Jaime Gama fez "humor negro" ao elogiar Alberto João Jardim
02.04.2008 - 17h22 Lusa
A eurodeputada socialista Ana Gomes classificou hoje de "humor negro" os recentes elogios do presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, ao líder do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim.
"Concordo com a deputada Edite Estrela, com certeza que foi dito num momento de humor, de humor negro", defendeu Ana Gomes, quando questionada pelos jornalistas sobre como reagia aos elogios de Jaime Gama a Alberto João Jardim, à margem de um debate sobre o Tratado de Lisboa, que está a decorrer em Faro.
Jaime Gama disse, na última sexta-feira, que o presidente do Governo Regional da Madeira é "um exemplo supremo na vida democrática do que é um político combativo", adiantando que a região é "a expressão de um vasto e notável progresso no país".
A eurodeputada mencionou ainda que não "vale a pena empolar o caso e que se trata de um ‘faits-divers’", contudo revelou estar do lado dos seus colegas socialistas da Madeira, "que devem estar consternados".
Edite Estrela havia referido anteontem que esperava que os recentes elogios do presidente da Assembleia da República ao líder madeirense Alberto João Jardim tivessem sido feitos em "tom irónico". "Jaime Gama tem um apurado sentido de humor e foi certamente em tom irónico que fez as declarações", considerou em declarações à Lusa, acrescentando que se o presidente do Parlamento "estava a falar a sério", só podia lamentar.
O porta-voz do PS, Vitalino Canas, também esteve presente em Faro, como presidente da Comissão Parlamentar dos Assuntos Europeus, e não quis comentar os elogios de Jaime Gama a Alberto João Jardim, negando-se também a tecer alguma opinião sobre as críticas do PS-Madeira.
Na sequência destas declarações do presidente da Assembleia da República, a Comissão Regional do PS-Madeira aprovou por unanimidade um voto de protesto. "O camarada Jaime Gama ofendeu todos os cidadãos deste país, particularmente aqueles que, na região autónoma da Madeira, têm sido severamente prejudicados, no seu corpo e na sua alma, pelo exercício autocrático do poder regional vigente, já lá vão trinta anos", lê-se no voto de protesto dos socialistas madeirenses.
O gabinete de Jaime Gama já disse que o presidente da Assembleia da República "não tem mais nada a acrescentar nem a retirar às declarações que fez" sobre Alberto João Jardim.