Gordon Brown acusado de desinteresse pela Europa
«Desdenho», «desorganizado» e «desinteressado» são alguns dos termos com que a imprensa britânica refere hoje o atraso do primeiro-ministro britânico à assinatura do Tratado de Lisboa
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O diário conservador
The Times considerou o
«bizarro» atraso um
«extraordinário episódio diplomático que foi parte desdenho, parte desorganização e inteiramente embaraçoso».
Ao
contrário dos restantes 26 países da União Europeia, representados pelo
seus chefes de Estado ou Governo na assinatura do Tratado,
quinta-feira, no Mosteiro dos Jerónimos, pelo Reino Unido esteve apenas
o ministro dos Negócios Estrangeiros, David Miliband.
Ao
mesmo tempo, Brown respondia a perguntas de um comité parlamentar - que
os jornais revelam ter-se disponibilizado para adiar o compromisso -,
tendo chegado à capital portuguesa durante o almoço oficial, assinando
sozinho o documento.
«Como o primeiro-ministro conseguiu meter-se nesta posição humilhante é um mistério», ironiza o diário, que afirma que Brown
«deu um tiro em ambos os pés».
«Chateou os anti-europeus por assinar a coisa e chateou os pró-europeus por parecer que não queria», explica.
A
«hesitação» de Gordon Brown sobre o Tratado Europeu é também referida pelo
Daily Telegraph, outro jornal conservador, que mantém uma campanha para convencer o governo a organizar um referendo nacional ao novo Tratado.
O tablóide
The Sun, que também luta por um referendo ao Tratado, acusa Brown de traição ao assinar o documento que
«dá grande parte» dos
«poderes de legislação aos exuberantes burocratas europeus não eleitos em Bruxelas».
Embora mais liberal, o
Guardian não deixa de notar a
«fortemente criticada excepção de Gordon Brown»na cerimónia de Lisboa, que há menos de uma semana recebeu a primeira
cimeira UE/África em sete anos, e à qual Brown também faltou.
«Na
semana passada, Brown exasperou os outros líderes ao boicotar uma
cimeira com África. Ontem [quinta-feira], a sua participação pareceu
desinteressada», lê-se no diário conotado com o centro-esquerda.
Ainda assim,
«não está tudo perdido», garante no mesmo diário o editorialista Michael White. Segundo White,
«ainda há esperança para Brown em Bruxelas», pois tanto a chanceler alemã, Angela Merkel, como o presidente francês, Nicolas Sarkozy,
«adorariam trabalhar mais próximo com Brown».
Lusa / SOL