IN bRAGANZZA mOTHERS
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Ando outra vez desejoso de saber quando há feriados, pontes e férias localizadas: Portugal tornou-se num local infecto, muito parecido com as célebres descargas de suinícultura da Ribeira dos Milagres, que o nosso saudoso Vítor Mango tão bem cantava, nos tempos épicos do "Expresso on-line".
Por acaso, a imagem hoje rapinada no KAOS vai ser ilustrada por um texto relativamente diverso do dele.
Como Bagão Félix hoje disse, não sei se na RTP2, se na RTP3/SIC, há três ou quatro anos, teriam caído o Carmo e a Trindade, por muito menos de qualquer um dos disparates quotidianos do Bando de Sócrates.
É verdade.
E eu, que sou muito dado a sentimentalismos de verão indiano, acabei por olhar para Bagão Félix, que sempre tinha arrumado na prateleira dos liminarmente execráveis, para ter de rever nele, por comparação com o presente, "um senhor", como dizia a mãe da minha actual doméstica.
Atrás de mim virá quem bem de mim fará, isto, coisa válida, mesmo no roteiro das sanitas.
Bagalhão Fede, e Portugal inteiro de Sócrates, sem ele, ainda fede mais.
No fundo, hoje pouco mais há para escrever: parece que os Democratas americanos andam em luta para saber quem acabou com a segregação racial, nos States. Nem sabia que tinha acabado, mas, se calhar, esqueceram-se de me mandar um postal a avisar... Se acham que, para cumprir ao cotas, devem lançar na arena do debate presidencial uma mulher, mais um gajo, de raça indefinida, e de dentes demasiadamente brancos para não serem um "fake", mas que, para qualquer "software" cego, apanharia logo com a legenda: "no-caucasian", é acabar com o Racismo, eu vou ali e já venho. Acontece. Tudo na mesma, portanto.
A Senhora Clinton, e talvez nunca a tenham visto deste ponto de vista, mas vou atirá-lo aqui, foi a grande responsável pelo insucesso de um dos gajos mais simpáticos que já passou pelo palco das falsidades americanas. Quando o marido foi apanhado naquela trafulhice de saias, deixou-o cozer em fogo lento. Clinton, mais do que qualquer Presidente antes dele, cumpriu o Sonho Americano, aliás, o sonho de cada um de nós: sexo, no local de trabalho. Só para um país emerso na mais profunda iliteracia moral, e nas vascas do Puritanismo, isso poderia ser matéria de reflexão.
À senhora Clinton conveio o martírio: já se estava a afiambrar ao cargo, como agora é visível, e um mártir, um "mártir-in-cornos", tem mais hipóteses do que uma mulher sossegada.
Senhora Clinton, bastava que se tivesse levantado, no meio da peleja, e tivesse dito que se estava zenitalmente borrifando para se o seu marido era, ou não era, mamado pela Monica, antes de voltar a casa. Concedia-lhe, a ele, o estatuto de adulto, com liberdade de escolha, e, a si, o de mulher moderna, com o picante de se poder ficar a imaginar que tanta complacência para com os deslizes do esposo poderia pressupor que também tinha os seus esquemas por fora, o que seria fortemente apologético da autonomia do Feminino. Preferiu ficar calada, e isso é um problema seu. Ajudou a transformar-lhe os mandatos numa longa agonia, e, implicitamente, pôs-se do lado do inimigo. Isso parece já ir longe, mas não vai: os filhos desse tempo chamam-se agora Bush, Guerra, Medo e Terror.
Se fosse Americano, obviamente, teria mesmo de ir votar em si. Como Português, não voto, com esta pequena reserva moral que lhe acabei de expor, mas temos climas emocionais substancialmente diferentes, e a minha cavalaria decerto não coincide com a sua: sou um homem de palácios e protocolos, e desprezo o Poder muito mais do que tudo o que possa imaginar.
Neste longo declínio do Ocidente, Zapatero dissolveu as Cortes, e isso pode representar o fim do último nicho de Contra-Corrente Bilderberg, que ainda resiste numa grande potência europeia, a que, neste preciso momento histórico, nos tutela, España.
Zapatero representa o oposto de tudo a que assistimos, neste palco miserável: nasceu de um movimento de sms, emails e de Opinião Pública, contra uma mentira governamental, detectada "in extremis"; toca o teclado das sociais-democracias avançadas do Norte da Europa, tal qual eram paradigmáticas, nos anos tristes da Guerra Fria; acredita piamente nos ideais do Iluminismo; tem um Governo recheado de mulheres bonitas e inteligentes; deu uma varridela na España bolorenta do Franquismo, e anseia por pôr os seus conterrâneos a ter um nível de vida equivalente aos dos Franceses, o que já é um razoável avanço. Há quem lhe chame, por ironia, ou sarcasmo, o "Sócrates Espanhol", mas nem me apetece fazer qualquer humor com isso, tal é a perversidade da comparação.
Por fim, cá na caserna, temos aquela vergonha do BCP, com um gajo qualquer, na TV, a dizer que tinha sido orquestrada uma disputa interna, para depois pôr a nu que havia lutas sectárias, e que se tratava de um fracasso da iniciativa privada (!)... Talvez lá na terra dele: do meu ponto de vista, a corja, que vem, desde o Cherne, a manobrar a nossa Opinião Pública, através da angústia e do medo, aplicou a uma fatia realmente apetecível de capitais privados a mesma receita que já tinha aplicado ao sector do Estado: lançar a suspeita, demonicizar, alimentar querelas, fingir cisões -- divide ut regnes --, trazer para a frente árvores ruidosas, que tapassem a floresta, e depois atacar, quando a coisa já estivesse suficientemente desacreditada e enxovalhada. E nem precisaram de uma Maria de Lurdes Rodrigues, para o feito de lhes cair nas mãos...
No meu derradeiro périplo desta noite, passei pelo saudoso "The Braganza Mothers": mesmo morto e enterrado, continua -- babem-se!... -- a ser alvo de numerosas visitas, e tem, decerto, e, modéstia à parte, bastantes mais frequentadores diários do que muito espaço que anda por aí...
Podem confirmá-lo AQUI.
Não fossemos nós um país de sardinheiras e romarias.
Boa Noite.
Publicada por Arrebenta em 23:59 1 comentários Hiperligações para esta mensagem
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