Movimentos radicais palestinianos pedem ao Egipto que não encerre fronteira com Gaza
25.01.2008 - 16h18 AFP
Dirigentes dos movimentos radicais palestinianos, reunidos na Síria, pediram hoje ao Egipto para não encerrar a fronteira com a Faixa de Gaza, atravessada nos últimos dois por perto de um milhão de pessoas em busca de abastecimento.
“Exigimos que o Egipto rejeite as pressões americanas e israelitas, não fechando a fronteira com Gaza e impondo a soberania egípcia e palestiniana no posto fronteiriço de Rafah”, a principal ligação do território ao exterior, adiantam as organizações, após três dias de reuniões em Damasco.
Os grupos palestinianos sediados na capital síria, entre eles a chefia do Hamas e da Jihad Islâmica, exortam ainda ao regime egípcio a “assumir as suas responsabilidades na [defesa] do bloqueio e no fim das punição contra o povo palestiniano”.
Há mais de uma semana submetidos a um bloqueio quase total de Israel – que isolou o território em retaliação pelo disparo de “rockets” contra o Sul do país –, centenas de milhares de palestianos passaram nos últimos dias a fronteira para irem abastecer-se ao lado egípcio da cidade de Rafah. A passagem só foi possível depois de activistas terem derrubado, com recurso a explosivos, o muro que separa os dois lados da fronteira.
Sob pressão de Israel, que teme que a abertura seja usada para o contrabando de armas, o Governo anunciou hoje que iria repor o controlo fronteiriço e esta tarde, um forte dispositivo policial foi enviado para Rafah, para bloquear a passagem. Pouco depois, porém, elementos do Hamas (que controla o território) usaram “bulldozers” para derrubar novos troços do muro fronteiriço.
Duras críticas a Abbas
No comunicado final da reunião de Damasco, os movimentos radicais tecem duras críticas à Autoridade Palestiniana, presidida pelo Mahmoud Abbas, que tem liderado as negociações de paz com Israel. Para estes movimentos, o líder da Fatah “não representa todos os palestinianos, nem está habilitado a falar em nome dos palestinianos que vivem nos territórios e os que vivem na diáspora”.
Ainda assim, pedem aos “dirigentes da Fatah para contribuírem para o diálogo nacional e remediarem as divisões” que se acentuaram desde os confrontos armados da última Primavera, que culminaram em Junho, quando o Hamas assumiu pela força o poder na Faixa de Gaza.
Na reunião de Damasco não estiveram presentes os três partidos históricos palestinianos – a Fatah e as Frentes Democrática e Popular de Libertação da Palestina (FDLP e FPLP) – que acusaram a Síria de estar a albergar um encontro “transformado em concurso de diatribes contra o governo palestiniano”