Corpo de Padre Pio é exumado para exibição pública
Assimina Vlahou De Roma para a BBC Brasil
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Padre Pio é conhecido como o 'o estigmatizado do Gargano'. |
O
corpo de Padre Pio, santo venerado no mundo católico por ter curado
enfermos, foi retirado de sua sepultura, na igreja de Santa Maria das
Graças, em São Giovanni Rotondo, no domingo, e será exposto aos fiéis a
partir do dia 24 de abril, em comemoração dos 40 anos de sua morte. A
exumação do corpo de Padre Pio, também conhecido como São Pio de
Pietrelcina depois de ser canonizado pelo papa João Paulo 2°, foi feita
no período da noite, próximo ao horário em que o frade capuchinho teria
morrido em setembro de 1968.
A operação
foi mantida em sigilo para evitar a chegada de uma multidão de fiéis. O
santuário de Padre Pio é um dos mais visitados da Itália e recebe
milhões de fiéis todos os anos.
O
anuncio da exumação foi divulgado na madrugada desta segunda-feira pelo
arcebispo de São Giovanni Rotondo, Domenico D’Ambrosio.
Segundo o clérigo, algumas partes do corpo estariam intactas.
"Desde o começo se via a barba, o queixo está perfeito e o resto do corpo bem conservado, dá para ver bem o joelho, as mãos
e as luvas, mas não os estigmas", comentou o arcebispo.
Identificação Padre Pio é conhecido como "o estigmatizado do Gargano", uma referência às chagas que tinha pelo corpo que remetiam às feridas
da crucifixação de Cristo e também à região onde viveu na Itália.
Os restos do santo serão reconhecidos oficialmente pelas autoridades do Vaticano e depois analisados para constatar seu estado
de conservação. Antes da exibição, o corpo deve passar por um tratamento para mantê-lo em boas condições.
A exposição fará parte das comemorações dos 40 anos da morte do frade, em setembro de 1968, e pelos 90 anos do aparecimento
dos estigmas.
O
túmulo foi aberto depois de uma breve cerimônia, presidida pelo
arcebispo Domenico D’Ambrosio, com a presença dos padres capuchinhos,
que tomam conta do santuário, e dos médicos e técnicos que irão fazer o
reconhecimento do corpo.
Polêmicas A exumação dos restos do frade, que foi canonizado em 2002, causou polêmica entre seus seguidores.
Os fiéis da associação Pró Padre Pio, da cidade de Turim, consideram a operação como uma profanação. Eles temem que o corpo
seja transferido para uma outra igreja e chegaram a pedir o bloqueio da operação pela polícia da cidade.
O santo e os mistérios que envolveram sua vida também continuam provocando polêmicas entre historiadores e vaticanistas na
Itália.
No livro
Padre Pio, milagres e política na Itália de 1900, o historiador Sergio Luzzato afirma que o santo teria tido relações com mulheres, que simpatizava com o regime fascista
e que os estigmas podem ter sido feitos pelo próprio padre.
Vaticanistas e escritores católicos defendem o santo, que foi canonizado pelo Papa João Paulo 2°.
Com o livro a
Última Suspeita, o vaticanista Andrea Tronielli pretende desmentir as teses do historiador, com base em documentos que pesquisou no arquivo
secreto Vaticano.
"Quisemos esclarecer o caso, examinando todas as objeções contra a santidade de padre Pio. Nenhuma delas resistiu diante das
provas que encontramos", comentou Tornielli.