Dezenas de milhar de pessoas manifestaram-se em frente à Assembleia da República
17 de Abril de 2008, 20:33
Lisboa, 17 Abr (Lusa) - O largo da Assembleia da República foi pequeno para albergar as dezenas de milhar de trabalhadores do sector público e privado que esta tarde se juntaram para reivindicar uma legislação laboral que assegure o combate à precariedade.
Milhares de trabalhadores do sector público e privado desfilaram hoje à tarde em direcção à Assembleia da República para "dar um aviso geral" ao Governo e às entidades empregadoras para que não tentem agravar a legislação laboral.
A manifestação convocada pela CGTP em vésperas de revisão do Código do Trabalho, pretendeu ainda reivindicar o aumento dos salários e servir de contestação à precariedade do trabalho.
O largo de S. Bento demonstrou-se pequeno para tantos trabalhadores em protesto, pelo que vários manifestantes se viram impedidos de chegar à frente da Assembleia da República para ouvir o discurso do secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva.
Segundo a Polícia de Segurança Pública, terão desfilado na capital cerca de 50 mil trabalhadores.
Já a CGTP, aponta para os 60 mil manifestantes.
O protesto teve início às 14:30, com a concentração dos trabalhadores do sector público no Saldanha e do sector privado junto à sede da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), na Av. 5 de Outubro, onde o dirigente da CGTP, Arménio Carlos, fez uma intervenção político-sindical.
Na sua intervenção, Arménio Carlos destacou a valorização da contratação colectiva que, considerou, "um elemento determinante para os equilíbrios sociais e simultaneamente para o desenvolvimento da sociedade".
Inicialmente, estava prevista também uma intervenção de Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum, na Praça Saldanha, mas tal acabou por se cancelar devido ao mau tempo.
Os trabalhadores do sector público e privado juntaram-se na Avenida Fontes Pereira de Melo, formando um desfile único em direcção a S. Bento e levantando bandeiras sindicais, que deram um toque de cor ao desfile.
A manifestação até S. Bento decorreu de forma ordeira, mas os trabalhadores não pararam de gritar palavras de ordem como: "O Governo mente!, a luta é convergente!"; "Justiça social faz falta a Portugal!"; "É preciso urgentemente uma política diferente!"; "Trabalho é um direito!, sem ele nada feito!" ou "Sócrates, escuta!, os trabalhadores estão na luta!".
O trânsito esteve cortado nas zonas mais movimentadas da cidade de Lisboa, como a Avenida Fontes Pereira de Melo e o Marquês de Pombal.
Na escadaria da Assembleia da República, o secretário-geral da CGTP exigiu ao governo que faça uma revisão do Código do Trabalho, que melhore as relações de trabalho e que respeite os compromissos assumidos pelo PS durante a discussão da legislação laboral.
Também o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, que integrou manifestação a meio do percurso, na Rua Braancamp, para demonstrar aos trabalhadores a sua solidariedade, criticou a política de legislação laboral do governo.
Em declarações à Lusa, Jerónimo de Sousa defendeu que "o governo deveria procurar, fundamentalmente, cumprir aquilo que disse quando era oposição, ou seja, corrigir as malfeitorias e não as benfeitorias".
Jerónimo de Sousa afirmou ainda que a adesão dos trabalhadores à manifestação de hoje e de quarta-feira no Porto "constitui um forte aviso ao governo PS, que parece querer insistir" em "alterar para pior o Código de Trabalho vigente".
"Esperamos que com estes avisos o Governo reconsidere e não avance com as intenções manifestadas no Livro Branco das Relações Laborais", concluiu o responsável do partido comunista.
Alguns deputados do Bloco de Esquerda estiveram também em frente ao Parlamento, entre os quais, a deputada Mariana Aiveca.
A iniciativa contou com a participação de trabalhadores da zona sul do país, de todos os sectores de actividade.
As manifestações de quarta-feira, no Porto, e de hoje, em Lisboa, denominadas por "Aviso Geral" foram decididas no XI congresso da Intersindical, que decorreu em Lisboa a 15 e 16 de Fevereiro.
PZM/RRA
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