Ciberdissidentes
Jovens cubanos utilizam tecnologias contra o regime
Vários grupos de jovens cubanos estão a utilizar as novas tecnologias para organizarem acções contra o regime castrista. Tudo é válido para estes ciberdissidentes, que utilizam desde dispositivos de memória, câmaras digitais e ligações à Internet clandestinas para divulgarem as notícias censuradas pelos Media estatais
Tecnologias ajudam dissidentes cubanos a passarem a mensagem contra o regimeEstas actividades estão a surgir num país que controla os vídeos digitais e o acesso à Internet ao máximo e onde praticamente não existem cibercafés, sendo que o único estabelecimento deste tipo activo na parte velha de Havana é controlado pelo Governo e cobra um terço do salário por uma hora de navegação.
Um dos casos mais recentes teve lugar no mês passado, quando o presidente da Assembleia Nacional cubana, Ricardo Alarcón, teve uma discussão comprometedora com estudantes universitários sobre a repressão do regime.
Esta conversa foi gravada por alguns dos alunos presentes, que acabaram por partilhá-la por Havana, o que acabou por afectar seriamente a imagem do responsável em alguns círculos, refere o New York Times (NYT).
Já em Janeiro uma manifestação contra um imposto que incidia sobre os ordenados de quem trabalha em empresas estrangeiras foi gravada por um telemóvel e acabou por ser distribuída em pen disks.
Em declarações ao diário norte-americano um programador cubano defende que este tipo de situações «vai sair do controlo do Governo, porque a tecnologia avança muito rapidamente».
O correspondente do NYT em Havana refere que as restrições impostas pelo Governo levaram ao surgimento de um mercado clandestino onde milhares de pessoas conseguem uma ligação ilegal à Rede não controlada.
A própria Universidade de Ciências da Informação é considerada o centro da actividade destes rebeldes, que utilizam as infra-estruturas existentes para acederem a programas de televisão estrangeiros que criticam as políticas de Cuba, como o caso do vídeo de Alarcón que acabou por chegar às redacções da CNN e da BBC.
Há ainda casos em que vários jovens recorrem a servidores estrangeiros para alojarem sites de informação e blogues, como o site «Consenso desde Cuba» criado por um casal cubano e alojado na Alemanha.
«A Internet tornou-se o único território que não é regulado», conclui Yoani Sánchez, que também é autora de um blogue crítico ao Governo cubano, onde publica textos que nunca seriam publicados no país.
sol