Protestos contra domínio chinês deixam 10 mortos no Tibet
|
|
Carro da polícia patrulha um das ruas da capital do Tibet, Lhasa |
Pelo menos dez pessoas morreram durante os protestos que ocorreram na sexta-feira contra os mais de 50 anos de domínio chinês
no Tibet, segundo informações da agência de notícias estatal chinesa Xinhua. De acordo com a agência, os mortos eram “civis inocentes que queimaram até morrer”. Entre os mortos estavam dois funcionários
de um hotel e dois comerciantes.
Neste sábado o clima era de calma, depois que manifestantes liderados por monges e forças de segurança entraram em confronto
em Lhasa, capital do Tibet.
As
autoridades chinesas disseram que vão “reagir com firmeza” caso novos
protestos voltem a ocorrer nas próximas horas. Elas ainda negaram que a
polícia tenha atirado contra manifestantes que atearam fogo em lojas de
proprietários chineses.
De acordo
com o correspondente da BBC em Pequim, Dan Griffiths, um homem teria
tentado entrar no prédio da BBC na capital chinesa neste sábado com
fitas contendo cenas da violência registrada na sexta-feira, mas foi
impedido por guardas chineses.
O correspondente diz não saber para onde o homem foi levado e o que “poderá acontecer com ele”.
Dalai Lama Os
violentos choques da sexta-feira encerraram uma semana inteira de
manifestações contra a China. Os protestos têm sido apontados como os
maiores e mais violentos dos últimos 20 anos no Tibet.
Os manifestantes perseguiram chineses que vivem na cidade, acenderam fogueiras para incendiar seus pertences, realizaram saques
e queimaram lojas.
De acordo com testemunhas, os manifestantes assumiram o controle do centro velho da cidade de Lhasa.
As autoridades chinesas acusaram o líder espiritual do Tibet, o Dalai Lama, de organizar os protestos.
"Houve suficientes sinais que provam que a recente sabotagem em Lhasa foi organizada, premeditada e planejada pelo bando do
Dalai", diz uma mensagem do governo regional do Tibet divulgada pela Xinhua.
Um porta-voz do líder espiritual tibetano rebateu a declaração e disse que as acusações são "totalmente infundadas".
Mais
cedo, o Dalai Lama divulgou uma mensagem em que manifestou preocupação
com os recentes episódios de violência no território.
O líder espiritual, que na Índia lidera o governo tibetano no exílio, pediu que o governo chinês "pare de usar a força e inicie
um diálogo com o povo tibetano para minimizar o ressentimento há muito crescente".
"Eu também peço a meus colegas tibetanos que não façam uso da violência", completou o Dalai Lama.
Adesão Os protestos começaram como uma reação à notícia de que monges budistas teriam sido presos depois de realizar uma passeata
para marcar os 49 anos de um levante tibetano contra o domínio chinês.
Centenas de monges tomaram então as ruas, e os protestos ganharam força nos últimos dias, com a adesão de pessoas comuns.
Outros
protestos foram registrados inclusive fora do Tibet – há informações de
que centenas de monges realizaram uma marcha na província chinesa de
Gansu, e, na Índia, a polícia prendeu cerca de 25 pessoas que tentaram
invadir a embaixada chinesa em Déli.
Autoridades de países europeus e em Washington pediram que a China seja tolerante com os manifestantes.
Em
um comunicado, Louise Arbour, a alta comissária da ONU para direitos
humanos, também pediu a Pequim que "permita que os manifestantes
exercitem seu direito de liberdade de expressão e reunião, sem fazer
qualquer uso excessivo da força na manutenção da ordem".